Título: Novo requerimento para convocar Daniel Dantas
Autor: Hugo Marques
Fonte: Jornal do Brasil, 24/08/2005, País, p. A7

O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) está convicto da participação do banqueiro Daniel Dantas no esquema do mensalão. Dias apresentou à CPI dos Correios um requerimento convocando Dantas. É o segundo requerimento apresentado na CPI, já que o primeiro, de autoria do deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS) foi transferido para a CPI do Mensalão. Na justificativa apresentada à CPI, Dias argumenta que ''a participação de Daniel Dantas no esquema de corrupção que envolve Marcos Valério e se manifesta pela estranha relação comercial verificada entre algumas de suas empresas''. Em seguida, o senador faz referência às análises da CPI sobre as notas fiscais da Telemig Celular e da Amazônia Celular para as agências de Valério, que não constam na contabilidade oficial das empresas. Desde 1998, lembra o senador, as empresas controladas por Dantas ''injetaram mais de R$ 150 milhões'' nas contas de Valério.

- Ele depositou nas contas de Valério um valor significativo. É preciso investigar qual foi a destinação destes recursos, se realmente a totalidade dos recursos foi destinada à publicidade das empresas ou tiveram outra finalidade.

O senador não acredita que desta vez haverá resistência para a votação do requerimento. O primeiro requerimento teria sofrido resistência de parlamentares do PT, PFL e do próprio PSDB, segundo vem denunciando o deputado Pompeo de Mattos. Dias diz ter conversado com o relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio e diz que recebeu apoio para convocar o banqueiro.

- O relator já concorda. E quando há concordância da relatoria, acaba ocorrendo o consenso. Não vamos ter dificuldades para convocar o Daniel Dantas agora.

Serraglio tem em mãos uma sugestão de agenda de depoimento para as próximas quatro semanas que deve ser levada à discussão. Na próxima semana, seria ouvido novamente o ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material dos Correios Maurício Marinho. Em depoimentos ao Ministério Público, ele teria confirmado que o deputado Roberto Jefferson chefiava um esquema de corrupção na estatal. Depois, a notícia foi negada por ele.

Em seguida, iria prestar depoimento o doleiro Antonio Oliveira Claramunt, o Toninho da Barcelona, que disse a integrantes da CPI em depoimento prestado em São Paulo que teria informações sobre operações ilegais de remessa de recursos ao exterior feitas pelo PT.

Depois, falaria o chefe do Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência, Luiz Gushiken. Serraglio quer esperar o depoimento do ex-ministro para que haja tempo suficiente para que os fundos de pensão remetam à CPI as informações solicitadas que serviriam para identificar possíveis ligações entre essas instituições e os bancos que emprestaram recursos ao empresário Marcos Valério Fernandes de Souza.

Completaria a agenda o deputado José Dirceu (PT-SP). Os integrantes da comissão querem investigar se as negociações políticas para o loteamento de cargos nas estatais, que passavam por Dirceu, tratavam de desvio de recursos para o caixa de campanha.

Na CPI do Mensalão, serão ouvidos hoje, em uma reunião fechada, os presidentes dos fundos de pensão da Petrobras (Petros), Wagner Pinheiro de Oliveira; do Banco do Brasil (Previ), Sérgio Rosa; e da Caixa Econômica Federal (Funcef), Guilherme Narciso de Lacerda. O relator Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG) afirmou ser favorável a que esses depoimentos seja feitos em sigilo.