Título: Buratti pode apresentar depoimento diferente
Autor: Hugo Marques
Fonte: Jornal do Brasil, 25/08/2005, País, p. A2
Rogério Tadeu Buratti, ex-assessor do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, decidiu depor hoje na CPI dos Bingos para explicar aos parlamentares o que ele ''quis dizer'' quando prestou o primeiro depoimento à Polícia Civil de Ribeirão Preto.
O advogado de Buratti, Roberto Telhada, desqualificou o depoimento de seu cliente prestado na semana passada, em Ribeirão Preto.
- Eu desqualifico completamente aquele depoimento, que foi prestado em condições absolutamente impraticáveis, desfavoráveis - afirmou Telhada, dando a entender que Buratti pode mudar as versões apresentadas em seu primeiro depoimento.
O advogado alegou que Rogério Buratti depôs sob pressão, algemado e com roupa de presidiário.
- No momento que ele falou, em Ribeirão Preto, a situação não era adequada a um ser humano tratar de assunto dessa magnitude. Agora ele vai explicar o que quis dizer. Se é que falou daquele jeito. Terá oportunidade de explicar linha a linha o que ele quis dizer com aquilo - argumentou Telhado.
Buratti afirmou na Polícia Civil que a empresa Leão Leão, da área de coleta de lixo, pagava R$ 50 mil de propina por mês, no período de 2001 a 2002 a Palocci, então prefeito de Ribeirão. Em 1993 e 1994, primeira gestão do ministro, Buratti foi secretário de Governo. Em entrevista no último domingo, Palocci negou as acusações.
A CPI havia marcado para ontem o depoimento de Buratti que apresentou um atestado médico.
- Ele fez eletrocardiograma para ver se tinha problema cardíacos e outros exames. Se Deus quiser, amanhã (hoje), mesmo que contundido, ele estará na CPI para acabar com essa pressão - disse o advogado de Buratti.
A CPI também investiga se o ex-assessor de Palocci atuou como lobista, com suposto consentimento do ministro, na renovação de um contrato de R$ 650 milhões da GTech com a Caixa Econômica Federal em abril de 2003. O contrato teria dado prejuízo à estatal. A GTech, de acordo com Buratti, ofereceu propina de até R$ 16 milhões para o PT. A empresa nega.
Ontem, Juscelino Dourado, chefe do gabinete do ministro Antonio Palocci, divulgou nota em que diz ter relacionamento apenas social com o advogado Rogério Buratti e que está disposto a colaborar com a CPI dos Bingos. No acompanhamento feito pelos promotores de São Paulo por meio de escutas telefônicas, o nome de Dourado é citado diversas vezes.
Na nota, Juscelino Dourado diz conhecer o advogado há mais de 15 anos e que já o recebeu algumas vezes - nove - no Ministério da Fazenda. No entanto, nega que isso possa significar algum tipo de benefício a Buratti. (F.P)