Título: Ministros do PMDB livres da expulsão
Autor: Paulo de Tarso Lyra, Renata Moura e Sérgio Pardell
Fonte: Jornal do Brasil, 25/08/2005, País, p. A4

A Executiva Nacional do PMDB aprovou ontem proposta para retirar do Conselho de Ética do partido a representação contra os membros que ocupam cargos no primeiro escalão do governo federal. Alguns diretórios estaduais queriam que o Conselho de Ética da legenda julgasse a expulsão dos atuais ministros que pertencem ao PMDB.

Segundo a representação, os ministros estariam descumprindo decisão da Convenção Nacional, realizada em dezembro de 2004, que deliberou pelo afastamento de todos os peemedebistas que permanecessem no governo.

Com a aprovação da proposta, os dois ministros do PMDB, Saraiva Felipe (Saúde) e Hélio Costa (Comunicações), não correm mais o risco de serem expulsos do partido.

Resolvido um problema, o ministro Jaques Wagner (Coordenação Política) teve de enfrentar outro: ele almoçou ontem com a bancada do PMDB no Senado mas não acalmou os ânimos dos congressistas rebeldes do partido. Para a preocupação do governo, o discurso afinado pelo PMDB agora é o da defesa de uma candidatura própria do partido à sucessão presidencial em 2006.

O líder no Senado, Ney Suassuna (PMDB-PB), disse estar tranqüilo.

- O PMDB é assim mesmo, mas no final acabamos sempre unidos. Teremos um nome nosso no primeiro turno e no segundo turno vamos ver. Acho até que estaremos ao lado do governo na briga - afirmou.

A bancada do PMDB no Senado conta com 23 integrantes. Destes, oito assinaram manifesto na semana passada anunciando sua independência em relação ao governo. Apesar dos esforços dos governistas, os rebeldes continuam firmes em sua decisão.

O ministro Jaques Wagner avaliou o encontro positivamente e disse que articulação política requer trabalho e paciência.

- A reunião foi cordial, mas não se inventa a roda em um só dia. Existem dificuldades, mas encontros como estes servem para que você construa bases para superá-las.

O ex-governador do Estado do Rio, Antnhony Garotinho é um dos líderes do partido que está intensificando esforços para ser o candidato. Na tentativa de dobrar a resistência da cúpula do PMDB, Garotinho decidiu recorrer à militância nos Estados e municípios em que o partido é forte. A intenção é fazer com que as bases pressionem os dirigentes para que ele seja o escolhido.

Os bons resultados nas últimas pesquisas do Datafolha e do Ibope levaram Garotinho a intensificar sua campanha. Na semana passada, ele esteve no Rio Grande do Sul, no Paraná e em São Paulo, Estado em que as bases peemedebistas exercem influência sobre os dirigentes.

Os governadores do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, e do Paraná, Roberto Requião, são do PMDB e também querem ser indicados.

Ontem Garotinho esteve em Brasília, onde conversou com líderes partidários. Na semana que vem ele vai a Santos participar de reuniões políticas. O prefeito é o peemedebista João Paulo Papa.