Título: Produção de aço em queda
Autor: Daniele Carvalho
Fonte: Jornal do Brasil, 25/08/2005, Economia & Negócios, p. A19

O excesso de estoques levou a indústria siderúrgica nacional a cortar sua produção em 12,5% no mês de julho, na comparação com igual período do ano passado. Dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS) mostram que a redução foi generalizada no setor, atingindo tanto os fabricantes de aços longos, quanto os de aços planos.

- Com o anúncio de reajuste nos preços do minério de ferro e do carvão, as indústrias consumidoras de aço aumentaram seus estoques com medo do repasse. Criou-se um excesso nos estoques, que só deve ser regularizado no quarto trimestre deste ano - diz o presidente do IBS, Luiz André Rico Vicente.

O executivo diz que o estoque atual de aço no país é da ordem de 680 mil toneladas, bem acima da média do ano passado, de 498,9 mil toneladas. Em 2003, considerado um dos piores anos para o setor, a média foi de 614 mil toneladas e, em 2002, de 414 mil.

Ainda de acordo com o executivo, o consumo interno não tem apresentado bom desempenho, principalmente nos setores de construção civil e agronegócios (aços longos) e de eletroeletrônicos e automotivo (aços planos).

- Apesar dos indicadores de que o consumo está crescendo mesmo com as altas taxas de juros, é preciso observar que as vendas poderiam ser maiores se o governo não adotasse uma política monetária tão recessiva - defende Rico Vicente.

Para compensar a queda nas vendas dentro do país, o setor manteve em julho a alternativa da exportação, que cresceu, somente no mês passado, 61,8% nos aços longos e 102,6% nos planos. No ano, a evolução nas vendas externas já é de 36,3% no primeiro grupo e de 110%, no segundo.

As empresas do setor, de acordo com o presidente do IBS, estão aproveitando a redução no ritmo da produção para colocar em prática seus projetos de manutenção.

- É preferível realizar estas manutenções agora do que mais para o final do ano, quando se espera uma retomada no volume produzido - afirma.

O setor siderúrgico nacional recebeu com ceticismo a notícia de que a Volkswagen importará 30 mil toneladas de aço plano para suas unidades nacionais. Para o vice-presidente-executivo do IBS, Marco Polo de Mello Lopes, ''é preciso esperar para ver se a importação será totalmente concluída''.

A desconfiança de Mello Lopes tem sua razão. No ano passado, outra montadora nacional informou que faria um grande embarque de aço do exterior para sua fábrica brasileira, o que não se concretizou.