Título: Aperto fiscal recorde em julho
Autor: Silmara Cossolino
Fonte: Jornal do Brasil, 27/08/2005, Economia & Negócios, p. A18

O setor público consolidado registrou superávit primário de R$ 8,796 bilhões em julho. Esse é o melhor resultado para o mês, desde que o Banco Central iniciou sua série histórica, em 1991. No ano, a economia acumulada para o pagamento de juros da dívida já soma R$ 68,745 bilhões (o equivalente a 6,35% do PIB) e também foi recorde histórico para todos os meses. Com esse montante, o país já cumpriu a meta de superávit para o mês de agosto, estipulada em R$ 60,184 bilhões. Por conta do resultado, o chefe-adjunto do Departamento Econômico do Banco Central, Luiz Sampaio Malan, disse estar tranqüilo em relação à meta fiscal estabelecida pelo governo para todo o ano, que é de 4,25% do PIB.

- A meta será atingida, mas também devemos levar em conta a sazonalidade do segundo semestre - disse.

Para chegar aos R$ 83,850 bilhões, o secretário-adjunto disse que o governo terá que economizar, de agosto até dezembro, uma média mensal equivalente a R$ 3 bilhões. Embora o resultado do mês tenha vindo forte, Malan disse que o governo vai mirar na meta estipulada para 2005. O fato de o superávit primário ter ficado acima de 6% do PIB entre janeiro e julho não significa que a meta será ultrapassada. Segundo ele, é preciso levar em conta despesas do segundo semestre, pois costumam ser maiores do que as do primeiro.

Em 12 meses, o superávit primário acumula R$ 97,061 bilhões, equivalentes a 5,16% do PIB. Também foi a melhor participação já registrada, em termos de PIB, desde outubro de 1994. Já os gastos com juros do setor público atingiram R$ 12,136 bilhões em julho. O montante é inferior aos R$ 15,234 bilhões do mês anterior. Segundo o Banco Central, a redução se deu por conta da depreciação cambial de julho sobre os ativos públicos e pela desvalorização do real.

- A desvalorização cambial entre junho e julho foi de 3,33%. Essa foi a novidade do mês - explicou Malan.

Outro fator que contribuiu para o recuo dos juros em julho foi o IGP-DI. Segundo Malan, os governos regionais foram favorecidos pela deflação do indicador, o que ocasionou redução no pagamento de juros das dívidas que têm com o governo federal.

No acumulado do ano, os juros nominais somam R$ 92,264 bilhões, montante bem acima do registrado no mesmo período do ano passado, que foi de R$ 72,203 bilhões.

Ainda em julho, a dívida líquida do setor público consolidado alcançou R$ 971 bilhões. Em junho, esse montante era de R$ 966 bilhões.

- O importante é destacar que houve efeito da deflação do IGP-DI, o que causou impacto no PIB valorizado - disse Malan.

O Banco Central estima que a dívida líquida do setor público finalize o mês de agosto em torno de 51,5% do PIB, levando em conta uma taxa de câmbio aproximadamente em R$ 2,40.