Título: Marinho envolve mais partidos em denúncia
Autor: Renata Moura
Fonte: Jornal do Brasil, 26/08/2005, País, p. A2
O ex-chefe do departamento de Contratação e Administração de Material dos Correios, Maurício Marinho, entregou ao Ministério Público Federal uma lista de partidos políticos que teriam se beneficiado nas últimas administrações dos Correios. Em depoimento, Marinho também citou casos de propinas que recebeu enquanto esteve no cargo. Segundo ele, contratos milionários eram intermediados em ¿acertos¿ diretamente com as grandes empresas. Marinho citou o nome de empresários que ofereceram propina, entre eles, Arthur Wascheck Neto, responsável por comandar a gravação em que o próprio Marinho aceita R$ 3 mil. Marinho contou que em novembro do ano passado recebeu R$ 8 mil ¿ parcela menor do que teria sido repassada aos superiores, em forma de ¿contribuição partidária¿. Em fevereiro de 2005, Marinho recebeu mais R$ 8 mil de agrado da empresa Multiforma.
Segundo Marinho, Wascheck teria dito que contribuía para o PTB, fornecendo dinheiro para a base eleitoral do então diretor de Administração, Antônio Osório, no Sul da Bahia. O dinheiro era entregue por intermédio de um lobista chamado Horácio, que visitava a ECT.
No depoimento, Marinho contou ainda que o ex-diretor Hassan Gebrin do órgão fez inúmeros ¿acertos¿ em cima de grandes contratos. ¿Hassan Gebrin tinha vinculação partidária com o PSDB, mais especificamente com Pimenta da Veiga e Sérgio Motta¿, disse Marinho.
Marinho disse que a partir da gestão de Hassan Gebrin todos os grandes contratos passaram a ter preços acima do mercado. Segundo ele, ¿os acertos eram fáceis com as empresas nacionais¿, entre elas Novadata, CTIS, Politec, Digidata, Policentro, Bradesco e Autotrack. O acerto era ¿difícil¿ com as multinacionais, exemplo de Unisys, Siemens, NEC, IBM e Cegelec. Gebrin chegou a viajar ao exterior para fazer os tais acertos.
Outro ex-diretor, Airton Dipp, uma indicação do PDT ¿ segundo Maurício Marinho ¿ solicitava apoio político de padrinhos em troca de nomeações na empresa. As nomeações, segundo o depoente, passavam pelo então ministro da Casa Civil, José Dirceu, pelo assessor Marcelo Sereno e pelo ex-secretário geral do PT, Sílvio Pereira.
Marinho disse que os deputados federais Aníbal Gomes, Nelson Marquezelli e o distrital Gim Argelo solicitaram a ele a inclusão de empresas no cadastro de fornecedores dos Correios. Os principais partidos que o procuraram foram o PMDB e o PTB. Tanto o PMDB como o PT, segundo ele, tinham como foco principal as grandes áreas da ECT, como Tecnologia e Propaganda.
Segundo Marinho, o genro do deputado Roberto Jefferson, Marcus Vinícius, que prestou depoimento quarta-feira na CPI dos Correios, mantinha contatos periódicos com a direção da ECT. ¿Marcus Vinícius era os olhos e os ouvidos do deputado Roberto Jefferson¿ e pedia que recebesse fornecedores na ECT, declarou.