Título: Acordo com Gtech
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 26/08/2005, País, p. A5

O advogado Rogério Buratti afirmou, em depoimento à CPI dos Bingos, acreditar que o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, sabia das negociações entre a Gtech e a Caixa Econômica Federal.

O advogado confirmou que manteve encontros com representantes da multinacional Gtech, que detém o monopólio na exploração da concessão das loterias da Caixa. Buratti disse que compareceu aos encontros a mando de Ralf Barquete, outro ex-assessor de Palocci, morto em 2004.

- Acredito que o ministro sabia das negociações a partir do momento que a Gtech procurou a Caixa e avisou que queria um contato com o Ministério da Fazenda e eles lhe indicaram o Ralf. Ele me procurou e pediu para eu me encontrar com o pessoal da Gtech. Eu fui, recebi a proposta, transmiti e recebi a resposta negativa de volta. A informação ra era de que o Ministério não iria interferir na renovação do contrato.

O advogado informou que não foi ele quem cobrou propina da Gtech, mas sim o contrário - ele teria recebido uma proposta de pagamento de propina, que variava de R$ 500 mil a R$ 15 milhões, para que negociasse a renovação do contrato com a Caixa.

Buratti frustrou os petistas ao dizer que estava ''lúcido'' ao dar o depoimento ao Ministério Público de São Paulo, no qual acusou o recebimento de propina na gestão do então prefeito Antonio Palocci.

Durante os 15 minutos a que teve direito para interrogar Buratti, o senador Tião Viana (PT-AC) tentou fazer com que o ex-assessor de Palocci afirmasse que seu depoimento ao Ministério Público não foi válido. Em resposta a Viana, Buratti afirmou que a sua prisão ''teve requintes de crueldade''.

- Sabia a dimensão do que eu dizia. Não sou amigo de Palocci, mas o respeito. Sem dúvida, falar o que eu sabia ao Ministério Público criou o maior conflito da minha vida, mas tenho compromisso com a verdade. Eu prestei depoimento preso, coagido, mas não perdi a lucidez. Não tinha dúvidas do que ia fazer - afirmou.