Título: Depoimento alivia mercado
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Fonte: Jornal do Brasil, 26/08/2005, Economia & Negócios, p. A18

O tom otimista da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) levou o mercado a minimizar os efeitos do depoimento do advogado Rogério Buratti, que reafirmou as denúncias contra o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, ontem na CPI dos Bingos. Como conseqüência, o dólar comercial recuou 1,68% e fechou cotado a R$ 2,398. A ata também impulsionou a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que encerrou o pregão com valorização de 2,58%, a maior alta diária em quase um mês. - O mercado temia que fossem feitas novas denúncias ou apresentadas provas, o que não aconteceu. Assim, o mercado voltou ao normal - afirmou André Kitahara, do RaboBank.

Com isso, as atenções se concentraram na ata do Copom, que, na interpretação da maioria do analistas, sinalizou queda de juros a partir de setembro. Apesar de o juro alto estimular a entrada de capital estrangeiro de curto prazo no país, provocando depreciação do dólar e valorização do real, o mercado entende que a redução da taxa é uma demonstração de que a política monetária surtiu o efeito esperado, de convergir a inflação para a meta de 5,1% em 2005 e de 4,5% em 2006.

De acordo com o Boletim Focus desta semana, elaborado pelo BC a partir de consultas às instituições financeiras, o IPCA (índice que serve de base para as metas de inflação) deve ficar em 5,34%. Ou seja, as previsões já apontam taxa próxima da meta.

Em entrevista em Nova York, o diretor de Relações Externas do Fundo Monetário Internacional (FMI), Thomas Dawson, evitou comentar a eventual saída do ministro da Fazenda brasileiro, por considerar o tema político.

- Não é apropriado falar sobre questões políticas. Acreditamos que a performance do Brasil tem sido forte, bem como o compromisso com os programas - disse.