Título: Distritais cortam som de ex-secretário
Autor: Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 26/08/2005, Brasília, p. D3

Acompanhando a esposa Naira Bernardino, assessora durante sua gestão, o ex-secretário Arnaldo Bernardino esteve ontem na Câmara Legislativa. Ao lado de seu ex-subsecretário de Apoio Operacional Horácio Botelho, Bernardino manteve-se durante todo o tempo na galeria do plenário, apenas olhando o depoimento da esposa. A CPI pediu para que o áudio da sala fosse cortado. Afastado da pasta desde março deste ano - alvo de denúncias de favorecimento ao Hospital Santa Juliana, de propriedade de amigos e familiares - o médico manteve-se fora dos holofotes até maio, quando foi cotado para assumir um cargo de assessor especial no Palácio do Buriti. A má repercussão frustrou o retorno ao governo.

Há dois meses, ele está lotado na Faculdade de Medicina do GDF (Fepecs) - ''sem cargo comissionado'', garante. Essa nomeação foi bastante criticada pela CPI.

- Elas [deputadas Eliana Pedrosa e Arlete Sampaio, presidente e relatora da CPI]vão me perseguir onde quer que eu esteja - disse o médico.

Questionado sobre a nomeação do ex-secretário à Fepecs, Roriz defendeu Bernardino.

- Esta é uma coisa do passado, ele não é mais secretário. Não se pode criticar antes de concluir o inquérito nem a CPI - afirmou Roriz.

Bernardino será um dos últimos a depor na CPI da Saúde. Indignado com a condução das investigações - que classificou de ''palanque eleitoral'' - o ex-secretário se defendeu, afirmando que ''99% do que vem sendo divulgado não condiz com a verdade''.

- Acho interessante quando dizem que proporão novos caminhos para a saúde. Mas durante minha gestão a Secretaria foi auditada 56 vezes pelo Denasus e pelo Ministério Público. Atendi às exigências que fizeram. Até hoje se encaminha paciente como eu fazia - disse Bernardino, ressaltando que desconhecia o Santa Juliana.

Filiado ao PL desde que concorreu à Câmara Legislativa em 2002, quando obteve 6.250 votos, Bernardino afirma que recebeu convites de partidos de esquerda como PPS e PV, mas ainda estuda a troca de legenda. Não se definiu por uma nova candidatura. (MS)