Título: Candidatura facilita sucessão
Autor: Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 27/08/2005, Brasília, p. D1
Escancarada na quinta-feira última pelo senador Gerson Camata (PMDB-ES), durante inauguração da iluminação da nova via L4, a possível candidatura do governador Joaquim Roriz à presidência da República em 2006 começa a animar os bastidores da corrida pelo Palácio do Buriti. Caso seja o indicado do PMDB para concorrer ao Planalto, Roriz deixa livre a única vaga ao Senado aberta no ano que vem para seus aliados políticos. E deverá mudar o arranjo na composição da chapa majoritária, podendo vir a tornar mais fácil, assim, a acomodação dos atuais cinco pré-candidatos do grupo rorizista atualmente na briga por seu endosso. Para o secretário da Agência de Infra-Estrutura e Desenvolvimento Urbano, Tadeu Filippelli, um dos postulantes a candidato ao GDF, a abertura de mais um cargo majoritário é importante no processo de composição. Mas ressalta que o fundamental é que Roriz esteja nos palanques em 2006, para ajudar a eleger o único escolhido para a sucessão.
- Vejo com bons olhos. O mais importante agora é a união do nosso grupo político. PMDB e PFL estiveram juntos em 2002, e com sucesso - afirma o senador Paulo Octávio (PFL), pré-candidato. Ele avalia como ''bastante confortável'' a posição do governador, que sabe que teria uma eleição tranquila para o Senado. Com isso, em sua avaliação, essa escolha pode ser feita com mais calma.
No quadro que começa a ser desenhado a partir de 30 de setembro, fim do prazo permitido para filiações dos candidatos em 2006, a saída de Roriz da disputa pelo Senado pode ajudar a unir o grupo de seus aliados que, com a grave crise que assola o PT - principal adversário - poderia sinalizar, futuramente, com mais de uma candidatura ao Buriti. Roriz deve se desincompatibilizar em abril do ano que vem, mas deverá manter sua vice Maria de Lourdes Abadia no governo - que, então só poderá concorrer ao cargo de governadora.
As articulações internas de Roriz para ganhar projeção nacional e se tornar um nome viável na disputa à presidência ganharam força desde o início do ano. O governador esteve por duas vezes no Senado, onde conversou com dois caciques da legenda - José Sarney (PA) e Renan Calheiros (AL) - e expôs suas pretensões, além de propor reafirmação de bandeiras para a legenda. Ele também tem sido anfitrião de encontros peemedebistas na residência oficial de Águas Claras. No último, a legenda decidiu apostar na candidatura independente.
Filippelli, presidente regional do PMDB e aliado fiel de Roriz, considera significativo o pedido de autorização para inscrição do nome do governador nas prévias do partido. Isso mostra, segundo ele, apoio de outros estados ao nome de Roriz, que conta com o respaldo de ser um dos governadores mais bem avaliados do País. Pela frente, o nome candango terá de enfrentar importantes peemedebistas como o ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho, os governadores do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, e do Paraná, Roberto Requião, além do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Nelson Jobim.
No entanto, internamente, há quem avalie que Roriz conta com a vantagem de ter bom trânsito com importantes nomes no partido (como José Sarney, que o nomeou governador biônico do DF pela primeira vez em 1988) e estar filiado há mais tempo que Garotinho, o atual favorito, que deixou o PSB em 2003 para ingressar no PMDB.