Título: Mudar para permitir avanço
Autor: Rafael Rosas
Fonte: Jornal do Brasil, 28/08/2005, Economia Brasil, p. A18

A crise política volta ao foco das atenções mais uma vez, mas não por meio de novas denúncias ou de estragos nos mercados. A questão do momento é o grau de impacto da paralisia governamental na economia. Para escapar desta encruzilhada, o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, prega um choque de gestão em todo o governo. De acordo com ele, só uma nova Assembléia Constituinte seria capaz de fazer a ampla reforma política necessária e, de quebra, aprovar algumas medidas na agenda econômica que seguem há anos emperradas no Congresso.

Gouvêa Vieira cita a elevada carga tributária como um dos principais alvos de uma ampla reforma nas bases legais do país, teor de uma carta enviada ao presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE) com a proposta de convocação de uma nova Constituinte.

- A crise política balançou a economia por apenas um ou dois dias, mas é sonho achar que o Brasil vai crescer a taxas expressivas arrecadando 40% do PIB porque o Estado gasta muito - critica o presidente da Firjan.

Para ele, nos últimos 15 anos as empresas brasileiras passaram por um profundo choque de eficiência, fruto da privatização e da abertura de diversos mercados à concorrência de empresas estrangeiras.

- Hoje colhemos os frutos deste choque, por exemplo com os bons resultados da balança comercial, que não são mais fruto apenas da exportação de produtos primários. O mesmo choque no governo traria bons frutos para daqui a 15 anos. Hoje, nossa Constituição já sofreu mais de 50 emendas e existe uma fila de pedidos, o que mostra que o que está aí não serve, pois tudo fica trancado e o país pára - ressalta.

Como exemplo para reforçar a necessidade de mudança na Carta Magna, Gouvêa Vieira lembra da inexistência de uma estrutura tributária que equalize as diferenças na distribuição de recursos para as três esferas de governo - federal, estadual e municipal.

- A Legislação precisa mudar e não podemos imaginar que o Congresso que está aí será capaz de implementar as mudanças mais necessárias, que estão paradas há anos. Com a crise política, a paralisia só se agravou - dasabafa.