Título: Obras a passos lentos
Autor: Branca Nunes
Fonte: Jornal do Brasil, 28/08/2005, Rio, p. A23

Criado em 1995, o Programa de Despoluição da Baía de Guanabara (PDBG) foi alvo de uma CPI, concluída no ano passado, que investigou as obras e a forma com que foram empregados os recursos até 2002. Várias irregularidades foram encontradas. Entre os problemas apontados pelo relatório da CPI estavam a dispensa de licitação em uma série de obras, o mau funcionamento de estações de esgoto e a suspeita de que as empresas vencedoras das licitações venderam os serviços para outras que haviam perdido a concorrência.

- Todas as estações de tratamento trabalham com 20% a 25% de sua capacidade. Há também os quatro anos de atraso para o término das obras da primeira fase e R$ 300 milhões que foram por água abaixo por serem mal empregados - afirma o deputado estadual Carlos Minc (PT). Ele cita como exemplo hidrômetros que custavam US$ 40 e foram comprados por US$ 80.

O ambientalista Sérgio Ricardo aponta a construção das estações de tratamento, sem a conclusão da rede de troncos coletores - responsáveis por levar o esgoto das casas até as estações - como um dos principais problemas.

- Também não foi empregado quase nenhum centavo na recuperação dos manguezais, nas áreas verdes do entorno da baía, na coleta do lixo da superfície e na educação ambiental - conta Sérgio.

O governo do estado rebate as criticas, apesar de não negar a existência de irregularidades em gestões anteriores.

- Recursos mal empregados são uma questão de interpretação. O que foi feito no passado é uma coisa, mas agora o PDBG está avançando em progressão geométrica - disse Aldoir de Souza, coordenador das obras do programa.

- Antes de ser um programa de despoluição, o PDBG é um grande programa de saneamento. Apesar disso, é difícil separar as duas coisas, porque sem saneamento não há despoluição. Na próxima fase, em meados de 2006, o lixo, sem dúvida, será prioridade - garante o vice-governador e secretário estadual de Meio Ambiente, Luiz Paulo Conde.