Título: Furacão provoca êxodo em Nova Orleans
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Fonte: Jornal do Brasil, 29/08/2005, Internacional, p. A7

Os 1,4 milhão de habitantes da área metropolitana de Nova Orleans receberam ordem para sair da cidade devido à proximidade do furacão Katrina. Quando tocar o solo da Lousiana, hoje, o furacão terá categoria 5 - a máxima na escala Saffir-Simpson -, provocando prejuízo estimado em mais de US$ 30 bilhões, um recorde para tempestades nos Estados Unidos.

- É muito sério - ressaltou o prefeito Ray Nagin.

Enquanto isso, no Golfo do México, o Katrina ganhava força, com ventos de 280 km/h.

Antes mesmo de o furacão chegar, o presidente dos EUA, George Bush, decretou estado de emergência na Louisiana, abrindo o caminho legal para proporcionar rapidamente ajuda federal a eventuais desabrigados.

- Não podemos prever totalmente os perigos decorrentes para as comunidades da costa do Golfo - advertiu.

Calcula-se que o olho do furacão vá passar exatamente por cima de Nova Orleans, causando inundações e danos a várias construções da cidade histórica.

- É um evento único. Nossa cidade nunca viu um furacão desta magnitude diretamente - afirmou o prefeito.

Segundo Nagin, quem não conseguir sair da cidade deve se dirigir ao estádio Superdome, nas cercanias da capital estadual, que funcionará como um dos 10 refúgios relativamente seguros. O estádio tem capacidade para 70 mil pessoas. Foi pedido que os desabrigados levem provisões que durem por cinco dias.

Nova Orleans tem a topografia de uma ''tigela'', grande parte da cidade fica 2m abaixo do nível do mar, tornando-a extremamente vulnerável a inundações. Além da chuva trazida pela tempestade, é possível também que o Katrina forme ondas altas o suficiente para cobrirem as barreiras que protegem a cidade das águas do rio Mississippi e do lago Pontchartrain.

- Estamos enfrentando a tempestade que temíamos, há anos - disse Nagin.

- Este é um momento muito perigoso - alertou a governadora da Louisiana, Kathleen Babineaux Blanco, sem esconder o temor de que o nível da água nas ruas, hoje, chegue a 6m.

Milhares de pessoas passaram o dia ontem tentando deixar a Nova Orleans. A prefeitura colocou ônibus à disposição dos habitantes, mas a maioria preferiu viajar de carro. A principal rodovia local, a Interstate 10, ficou congestionada. No centro, quem ainda não pegara a estrada acabava de selar portas e janelas com placas de compensado.

- Escolhemos o que era menos pior, entre ficar trancado no hotel ou ficar parado no engarrafamento - contou o turista Bryan Steven, preso no tráfego.

Sua mulher, usando uma camiseta onde lia-se Bourbon Street - a mais famosa rua de Nova Orleans -, completou:

- Só não queria morrer vestindo essa blusa.

Para os moradores, a expectativa é com o retorno: - Espero ter uma casa para a qual voltar - disse Alex Bush.

No Golfo do México, foram esvaziadas 21 plataformas de petróleo, que respondem a um quarto da produção dos EUA de óleo e gás natural.