Título: Okamoto é convocado pela CPI dos Bingos
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 31/08/2005, País, p. A4

A CPI dos Bingos aprovou ontem a convocação do presidente do Sebrae, Paulo Okamoto, responsável pelo pagamento de empréstimo de R$ 29 mil concedido pelo PT ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A convocação foi analisada depois que o advogado Rogério Tadeu Buratti - ex-assessor do ministro da Fazenda Antonio Palloci, quando o ministro era prefeito de Ribeirão Preto - afirmou em depoimento à comissão, que a campanha do presidente Lula recebeu dinheiro dos bingos.

Okamoto é amigo de muitos anos do presidente Lula. Na sua trajetória passou pela tesouraria do Sindicato dos Metalúrgicos do A BC quando Lula era o presidente. Ele também cuidou das finanças da campanha presidencial de Lula na primeira candidatura à presidência, em 1989 e continuou como tesoureiro do PT depois da eleição. Ele foi também presidente do Instituto Cidadania do PT e procurador do presidente Lula até a última eleição. Okamoto foi nomeado para a presidência do Sebrae após a vitória de Lula onde recebe R$ 20 mil por mês.

Em outra decisão, a CPI dos Bingos adiou para as 11h30 de hoje o depoimento de Juscelino Dourado, chefe de gabinete do ministro Antonio Palocci.

Dourado deveria prestar esclarecimentos logo após o do advogado Enrico Gianelli, mas os trabalhos na comissão foram interrompidos porque o presidente do Senado, Renan Calheiro (PMDB-AL), determinou a paralisação dos trabalhos para que os parlamentares fossem votar em plenário a ordem do dia e retornassem aos depoimentos da comissão somente após o fim das votações em plenário.

A comissão aprovou ainda um requerimento para que Caixa Econômica Federal (CEF) encaminhe o relatório da auditoria feita nos contratos entre a Gtech e a CEF. Os integrantes da CPI querem esclarecer o acordo entre os dois órgãos e membros do governo, na tentativa de renovação de contrato para processamento de jogos lotéricos.

A decisão teve base no depoimento do advogado Enrico Gianelli, que afirmou ontem que a multinacional GTech, operadora de loterias, procurou Rogério Buratti para intermediar a renovação do contrato com a Caixa Econômica Federal em abril de 2003. Gianelli, que já foi advogado da GTech, disse ainda que sofreu ''advertência'' do ex-diretor de Marketing da multinacional, Marcelo Rovai, para nunca revelar a negociação, pois perderia o emprego e teria sua inscrição de advogado cassada.

Na semana passada, Buratti afirmou que a GTech ofereceu propina de até R$ 16 milhões para o PT, em troca de vantagens na renovação do contrato. A empresa teria buscado, por meio do advogado, a intervenção de Palocci, que não aceitou. Buratti insinuou à CPI que a GTech tenha conseguido sucesso com o ''grupo do Rio'', supostamente liderado por Waldomiro Diniz, ex-assessor do então ministro José Dirceu. No dia 8 de abril de 2003, a GTech renovou contrato de R$ 650 milhões com a CEF. Para senadores, houve prejuízo à estatal.