Vinícius Valfré / BRASÍLIA

O senador Flávio Bolsonaro afirmou ontem conhecer o dono da Precisa Medicamentos, Francisco Emerson Maximiano, por meio de "amigos em comum", e disse que não tem relação comercial com o empresário. Mesmo assim, o filho do presidente Jair Bolsonaro confirmou ter levado Maximiano para uma reunião com o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, em 13 de outubro. O senador Flávio Bolsonaro confirmou ter levado a reunião no BNDES Francisco Maximiano, dono da Precisa, que intermediou a compra da Covaxin.

A reunião, feita via videoconferência, foi revelada pelo site da revista Veja. "Conheço o senhor Maximiano de amigos em comum aqui em Brasília, como conheço milhares de pessoas. Mas não tenho absolutamente nenhuma relação comercial, financeira, com o senhor Maximiano", disse, em vídeo publicado nas redes sociais.

A Precisa, representante no Brasil do laboratório indiano Bharat Biothec, intermediou a compra de 20 milhões de doses da vacina Covaxin pelo governo federal. O contrato, de R$ 1,6 bilhão, é investigado pelo Ministério Público Federal e pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado.

Segundo Flávio, a reunião no BNDES tratou de um pedido de financiamento para outra empresa de Maximiano, a Xis Internet Fibra. Montezano, presidente do banco, é amigo de Flávio.

"O que fiz, sim, foi pedir ao presidente do BNDES para que ouvisse a boa ideia trazida pelo senhor Maximiano para que o BNDES pudesse entender e, quem sabe, dar algum suporte para levar internet para o Norte e para o Nordeste", disse.

Agenda. Também participou da videoconferência Danilo Fiorini, CEO da Xis Internet Fibra. Na agenda pública de Montezano, consta apenas o sobrenome de Maximiano, que está identificado como "sócio" da Xis Internet Fibra. Não há informações, no site do BNDES, sobre o assunto da reunião.

Para Flávio, o fato de a reunião ter constado na agenda pública é sinal de que não teve nada de suspeito no encontro. No vídeo, Flávio diz ainda que o senador Randolfe Rodrigues (Rede-ap), vice-presidente da CPI da Covid, também teria se encontrado com representantes da Precisa Medicamentos. "Não vou ser leviano de sugerir que o senador Randolfe Rodrigues levou, ou esteja levando, alguma vantagem comercial da Precisa ou da Covaxin", afirmou o senador fluminense.

Na agenda pública da diretoria do BNDES desde julho de 2019, quando o presidente Gustavo Montezano assumiu o comando do banco, há cinco reuniões com a participação de Flávio e do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), incluindo a videoconferência de 13 de outubro do ano passado com Maximiano.

Procurada, a assessoria do BNDES e da Precisa Medicamentos não comentaram até a conclusão desta edição. A reportagem não conseguiu contato com Eduardo Bolsonaro e não localizou representantes Xis Internet Fibra. / COLABOROU VINICIUS NEDER