O Estado de S. Paulo, n. 46636, 24/06/2021. Economia & Negócios, p. B5

Pacheco ataca veto à ampliação da Sudene

Daniel Weterman
Adriana Fernandes


O veto do presidente Jair Bolsonaro a um projeto para aumentar a área da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) opôs o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).

Pacheco foi ao Twitter dizer que o ministério é “alheio à realidade das cidades brasileiras e com a costumeira insensibilidade social”. Nos bastidores, integrantes da equipe econômica dizem que Pacheco fala para os seus eleitores e que a medida contraria as regras fiscais. Nas últimas semanas, o senador vem dando recados a Bolsonaro em um movimento para as eleições de 2022.

A Sudene é vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional, comandado por Rogério Marinho. No mês passado, o Senado desengavetou um projeto de 2017 e aprovou a proposta incluindo 78 municípios de Minas Gerais e quatro do Espírito Santo na área de atuação da autarquia, responsável por projetos de forte apelo eleitoral no Nordeste.

Pacheco liderou a articulação para aprovação da proposta e se movimenta para derrubar o veto presidencial, decisão que depende de deputados federais e senadores em uma nova sessão do Congresso. A medida abre caminho para que os parlamentares turbinem os recursos da Sudene com emendas no Orçamento de 2022 e abasteçam redutos em ano eleitoral. Além disso, pavimenta uma série de benefícios fiscais a empresas instaladas nesses municípios.

Interlocutores do presidente do Senado lembram que o veto foi mais um lance de uma sequência de insatisfações com o ministro. Na discussão sobre a retomada do auxílio emergencial, no início deste ano, o Senado pressionou por um novo benefício de R$ 300, valor com o qual a equipe econômica não concordou. Com a reforma tributária, foi outro impasse. Guedes defendeu o fatiamento da medida e se recusou a aprovar um fundo de compensação para Estados e municípios. Pacheco, por sua vez, insistiu na proposta ampla discutida na comissão mista, formada por deputados e senadores.

Procurado pela reportagem, o Ministério da Economia afirmou que não comentaria.

Autarquia disputada

R$ 68,6 mi

é o orçamento da Sudene programado para este ano, sem nenhum centavo de emenda de relator, mas com indicação de emendas individuais de deputados e senadores.