Título: Palocci aposta em blindagem
Autor: Sabrina Lorenzi e Mariana Carneiro
Fonte: Jornal do Brasil, 31/08/2005, Economia & Negócios, p. A23

O ministro Antonio Palocci, em rápida aparição no 6º Seminário Metas para a Inflação, aproveitou a deixa para mostrar otimismo. - O tema em destaque nos debates do ano que vem será a resistência que, sem dúvida, terá sido demonstrada pela economia brasileira às incertezas que o Brasil atravessa nesse momento - afirmou, fazendo clara referência à crise política.

Para o ministro, em 2006, quando se avaliar o comportamento da economia, serão destacados ''a forte continuidade do desempenho das contas públicas, os resultados favoráveis do setor externo'' e a comprovação de ''mais um ano consecutivo de crescimento econômico com convergência da inflação para a meta''.

O ministro admitiu que a conjuntura econômica deste ano impedirá a queda da relação dívida/PIB - importante indicador de vulnerabilidade do país - no mesmo ritmo verificado no ano passado. Mas frisou que a dinâmica da dívida continuará favorável e que o indicador permanecerá em redução.

- Com os superávits primários que estamos gerando e que continuaremos a gerar no futuro, a dívida cairá mais rapidamente em anos com resultados macroeconômicos mais favoráveis e mais devagar em conjunturas menos favoráveis. Não deve haver dúvidas quanto a esta dinâmica.

Ao elogiar o regime de metas, Palocci justificou a trajetória de alta da taxa de juros, iniciada em setembro do ano passado e que durou nove meses. Segundo ele, os efeitos da rápida retomada do crescimento sobre os preços foram ampliados pela elevação de preços internacionais, ''que acabaram contaminando a inflação no atacado''. Desde maio, a Selic está em 19,75% ao ano.

- Quando ficou claro que essa conjuntura oferecia riscos relevantes para a trajetória de metas de inflação, o Banco Central deu início a um processo de ajuste das taxas de juros a partir de setembro 2004.

O ministro comentou que a política monetária ''é apenas mais um componente do arcabouço de política macroeconômica'', ao lado do câmbio flutuante e de uma política fiscal ''que assegura o declínio da relação dívida/PIB no médio prazo''.

Palocci lembrou ainda que, com o regime de câmbio flutuante, a economia foi capaz de gerar um ajuste ''surpreendente'' das contas externas, da ordem de 7% do PIB em cerca de três anos. Ele acrescentou que o câmbio flutuante tem funcionado de maneira eficaz, absorvendo choques.