O Estado de S. Paulo, n. 46637, 25/06/2021. Política, p. A4

Coluna do Estadão: CPI quer fugir da retórica e mirar só a ‘verdade’

Alberto Bombig 


Senadores do G7 adotaram, em privado, tom de cautela em relação aos depoimentos do servidor Luis Ricardo Fernandes Miranda e do deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) na CPI da Covid. Claro, as expectativas são altas porque ambos podem mudar os rumos da comissão e até a história do País. Mas há o temor de que arroubos retóricos prevaleçam sobre indícios e provas. Se isso acontecer, na visão desses senadores, favorecerá os governistas, alimentando conspirações e reforçando a tese da “politização”. Senador importante sintetiza: a CPI pode ganhar forte impulso ou acabar nesta sexta-feira, 25.

A ver. A cúpula dirigente da comissão deve tomar as medidas cabíveis para que, mesmo como testemunha, o deputado Miranda, principalmente, diga somente a verdade. E, se mentir, será responsabilizado.

Para lembrar. Como revelou a Coluna, Luis Miranda disse a senadores que pode “derrubar a República”.

Não rola. Senadores chegaram a defender uma sessão restrita, para evitar tumultos. Mas não é possível proibir a entrada de parlamentares. Flávio Bolsonaro deve marcar presença – e, talvez, levar deputados...

Dormiu. Nos bastidores, a avaliação é de que a CPI deveria ter ouvido os depoentes na quinta-feira, 24, sem ter deixado brecha para o governo aumentar a pressão sobre a dupla.

Como é? Não pegaram bem na CPI as declarações do deputado Miranda pedindo a prisão de Onyx Lorenzoni. Não cabe a ele o papel.

Plano... O Ministério da Saúde elabora consulta formal à CGU, ao TCU e ao MPF para que identifiquem se há irregularidades no contrato da Covaxin. Pode ser uma saída institucional para rescindir o acordo.

... B. A pasta quer saber se há irregularidades. Se houver, se elas são passíveis de resolução. Caso contrario, qual a forma segura de quebrar o contrato?

Por ora. Do cientista político e presidente do Centro de Liderança Pública (CLP), Luiz Felipe D’Ávila, sobre as suspeitas em relação à Covaxin: “A falcatrua precisa ser investigada e as instituições não podem se dobrar à truculência do governo. Por enquanto, ainda vivemos numa democracia e no estado de direito”.