Título: Governo comemora números
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 01/09/2005, Economia & Negócios, p. A18

Previsão de crescimento para este ano será alterada para cima, diz Paulo Bernardo

Sob intenso bombardeio nos últimos meses devido às revelações no campo político, o governo teve enfim uma boa notícia. E comemorou bastante. Com o resultado apresentado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o governo deverá revisar para cima a estimativa de crescimento da economia em 2005. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse que o resultado do PIB do segundo trimestre (alta de 1,4% frente aos primeiros três meses do ano) aponta ''uma retomada importante do crescimento''.

Bernardo destacou também que o resultado é ''muito positivo e animador'', principalmente diante do fato de que o crescimento supera as estimativas mais recentes que apontavam para um crescimento de 1,2%. Entre os analistas do mercado financeiro, no entanto, a expectativa era de que a expansão ficaria entre 0,8% e 1,7%.

Os novos números fizeram o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) repensar a projeção do PIB de 2,8% atual para até 3,5% em 2005. O mesmo crescimento agora é esperado pela Global Invest, que até então apostava numa expansão de 3,2%.

- O resultado veio melhor do que era esperado - disse a economista da instituição Mérida Herasme Medina.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comemorou o resultado ao ser informado por Paulo Bernardo. ''Que continue assim'', recomendou o presidente, segundo relato do ministro.

Antes da reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles - tido por muitos como algoz do crescimento, por conta dos juros - disse que a economia brasileira está num processo de ''crescimento sustentado'' e completou, sucintamente:

- O resultado fala por si.

Também o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, demonstrou otimismo diante do resultado do PIB.

Segundo ele, os números apontam ''concretamente'' para um crescimento acima dos 4% neste ano.

Segundo Furlan, o ânimo do empresariado e o crescimento do mercado interno terão peso importante para o desempenho da economia no segundo semestre, além dos dados de exportações.

O secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, disse não só que o resultado divulgado pelo IBGE sinaliza uma taxa anual de crescimento acima de 3%, em 2005, como também demonstra ''um momento atual positivo'' que deve ser aproveitado pelo país para aprovar as reformas estruturais e microeconômicas.

- Havia uma série de preocupações sobre se a economia iria continuar crescendo, com geração de empregos. A gente está vivendo um momento bastante positivo e acho que é importante que não se perca esse momento, que pode ser usado para lidar com uma série de questões estruturais - afirma Levy.

Com Viviane Monteiro, Silmara Cossolino e Ricardo Rego Monteiro