Título: Vitória nos EUA traz alívio à Varig
Autor: Rafael Rosas
Fonte: Jornal do Brasil, 01/09/2005, Economia & Negócios, p. A20

Empresa mantém aviões ameaçados de arresto e ganha apoio de juízes brasileiros para pôr em prática plano de reestruturação

A Varig ganhou tempo para prosseguir com o processo de recuperação judicial sem grandes abalos em sua estrutura operacional. A companhia, que tem até 12 de setembro para apresentar à Justiça brasileira um plano de reestruturação, evitou ontem o arresto de quatro aviões alugados à International Lease Finance Corporation (ILFC) por pelo menos três semanas. Para tanto, terá que depositar US$ 6 milhões na conta da empresa americana até 20 de setembro, correspondentes ao aluguel de aeronaves em julho e agosto.

Para o presidente da Varig, Omar Carneiro da Cunha, a posição da Justiça americana é semelhante à do Judiciário brasileiro, que se empenha na reestruturação da empresa.

- O juiz entendeu a necessidade da empresa. Esses aviões são importantes e nós vamos nos esforçar para mantê-los - afirmou.

A decisão foi do juiz da corte de falências de Nova York, Robert Drain, que analisava um pedido de retomada das aeronaves por parte da ILFC que, no total, possui 11 aparelhos - cinco boeings 737 e seis 757 - arrendados à empresa brasileira.

A Varig se comprometeu ainda a pagar as custas do processo e a não atrasar as próximas parcelas de pagamento.

A venda da VarigLog ao fundo Matlin Patterson por US$ 88 milhões foi considerada pela Varig como de extrema importância para honrar pagamentos correntes e regularizar o fluxo de caixa da companhia, que sofreu um abalo estimado por Carneiro da Cunha em US$ 90 milhões depois do pedido de recuperação judicial. Desta forma, a liminar concedida pela 19ª Vara do Trabalho esta semana arrestando os bens da VarigLog e impedindo na prática a negociação com o Matlin Patterson caiu como uma bomba na empresa aérea. A direção da Varig contava com os US$ 88 milhões para saldar as despesas operacionais, de manutenção e os salários atrasados.

A empresa recebeu ontem importante apoio da comissão de juízes que, juntamente com Alexander Macedo, titular da 8ª Vara Empresarial do Rio, analisa o processo de recuperação da Varig.

Macedo e os juízes Luiz Roberto Ayoub, Márcia Cunha Silva Araújo de Carvalho e Cezar Augusto Rodrigues Costa vão enviar um ofício à juíza Giselle Bodim Ribeiro, que concedeu a liminar que arrestou os bens da VarigLog. O objetivo do documento será esclarecer que mesmo as subsidiárias que não entraram na recuperação judicial compõem o processo de reestruturação ''e não podem sofrer medidas constritivas''.

Em nota, o juiz Ayoub informou que ''nenhum juiz dessa comissão indeferiu a venda da VarigLog. Apenas se postergou a decisão para se checar outras alternativas''.

- Esperamos que a liminar caia. Não queremos pintar a sede da Varig, nem comprar um carro para a presidência. Temos uma necessidade imediata de US$ 30 milhões para pagar não apenas a ILFC, mas outros credores, além de manutenção e salários de funcionários - ressaltou Carneiro da Cunha.