Título: Chefe de gabinete se esforça para proteger Palocci
Autor: Hugo Marques
Fonte: Jornal do Brasil, 01/09/2005, País, p. A4

O chefe de gabinete do Ministério da Fazenda, Juscelino Dourado, em depoimento à CPI dos Bingos, fez de tudo para evitar comprometer o ministro da Fazenda Antonio Palocci, e não atacar ou desqualificar seu amigo pessoal, Rogério Buratti, ex-secretário de governo na gestão de Palocci na prefeitura de Ribeirão Preto (SP). No intervalo do seu depoimento foi anunciado que a convocação de Palocci será analisada pelos parlamentares após o feriado de 7 de setembro.

O resultado foi um depoimento de negativas. Dourado afirmou não ter conhecimento dessa propina e nem da utilização de caixa 2 na campanha eleitoral de Palocci à prefeitura de Ribeirão Preto:

- O ministro sempre foi cuidadoso com suas contas de campanha. Acredito que isso nunca tenha acontecido.

Responsável pela agenda de trabalho do ministro, Dourado garantiu que desde o início do governo Lula, Palocci e Buratti nunca tiveram uma reunião oficial. Buratti é acusado de intermediar encontros entre empresários e Palocci.

O chefe de gabinete do Ministério da Fazenda afirmou também que a renovação do contrato entre a Gtech e a Caixa Econômica Federal (CEF) nunca entrou na pauta de Palocci. No entanto, Dourado disse não poder assegurar que o tema não foi abordado, mesmo sem estar na pauta, em reuniões ocorridas entre os diretores da CEF e o ministra da Fazenda.

Parlamentares da oposição estranharam o fato de o ministro desconhecer os termos do contrato entre a Gtech e a CEF, o maior firmado pela estatal. O senador José Jorge (PFL-PE) afirmou que o ministro Palocci precisa ser convocado pela CPI. Já o senador Tião Viana (PT-AC) considerou esclarecido o caso que envolve Palocci e acha desnecessário o depoimento do ministro.

Dourado confirmou ter uma relação de grande amizade com Buratti, mas disse que não se encontrou com ele desde que o ex-secretário de Palocci foi preso em Ribeirão Preto. Afirmou já ter se oferecido para deixar o cargo diversas vezes ao ministro Palocci, mas smpre teve o pedido negado.

Dourado fez questão de dizer que não apelou para o habeas corpus preventivo. Logo no início de seu depoimento, ofereceu a quebra de seus sigilos bancário e fiscal à CPI dos Bingos desde 2001. Com isso, afirmou que ficaria provado que nunca recebeu dinheiro direta ou indiretamente da Leão Leão e que o crescimento de seu patrimônio pessoal não ocorreu de forma indevida.