Título: Diretor de corretora entrega lista com 90 nomes
Autor: Hugo Marques
Fonte: Jornal do Brasil, 01/09/2005, País, p. A4
O diretor da corretora Bônus-Banval, Enivaldo Quadrado, afirmou ontem, em depoimento à CPI dos Correios que funcionários da empresa fizeram saques para Marcos Valério. A Bônus-Banval foi apontada pelo doleiro Antonio Claramunt, o Toninho da Barcelona, como uma empresa usada por Valério para remeter dinheiro para o exterior.
Enivaldo Quadrado entregou à Comissão uma lista que, segundo ele, aponta 90 nomes de autorizados a fazer saques nas contas de Valério. A lista é composta por clientes da corretora e não traz nomes de políticos. A oposição levantou a hipótese dos nomes dos sacadores se relacionarem com envolvidos nos escândalos. Os saques nas contas de Valério somam R$ 10 milhões.
O diretor da corretora afirmou também, ao responder uma pergunta do senador César Borges (PFL-BA), que o ex-sócio da DNA tem ligações com fundos de pensão:
- Marcos Valério me pediu para mostrar investimentos de boa qualidade para que ele apresentasse aos fundos de pensão.
Quadrado confirmou que conheceu Valério por intermédio do deputado José Janene (PP-PR) em fevereiro do ano passado. Valério recorreu a favores de Quadrado em março desse ano quando pediu que um funcionário da corretora sacasse R$ 255 mil da conta da DNA, no Banco Rural, em São Paulo. Os saques feitos por funcionários da Banval somam R$ 605 mil.
- O Marcos Valério pediu, de Belo Horizonte, para eu sacar o dinheiro em São Paulo. Logo em seguida, eu entreguei os recursos para ele em meu escritório, também em São Paulo. O que foi feito do dinheiro eu não sei - disse o diretor da Bônus-Banval.
Quadrado negou que a empresa fosse utilizada para fazer pagamentos para pessoas indicadas pelo PT e pelo PP, como Valério afirmou em seu depoimento à Comissão.
Segundo o diretor, o ex-sócio da DNA também mentiu ao afirmar, em seu depoimento na Polícia Federal, que transferiu R$ 3 milhões à corretora. Os investimentos, aplicações em ouro e dólar futuro intermediado pela empresa, seriam duas vezes maiores e chegariam a R$ 6,5 milhões .
O diretor negou a afirmação de Toninho da Barcelona de que a corretora atuava juntamente com Valério para esquentar dinheiro de caixa dois do PT, desviado de fundos de pensão.
Marcos Valério negou, por meio de nota, investimentos na Bônus-Banval.