Título: Seqüestro e morte por R$ 1 milhão
Autor: Fernando Exman
Fonte: Jornal do Brasil, 02/09/2005, País, p. A2

O preso que confirmou ontem à polícia e ao Ministério Público a promessa de pagamento de R$ 1 milhão como recompensa pelo seqüestro e assassinato de Celso Daniel, tem a sua identidade mantida em sigilo. A promessa teria sido feita pelo empresário Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, e o objetivo do seqüestro seria ''arrancar'' de Daniel documentos que supostamente interessavam a Gomes da Silva. No momento do seqüestro, Sombra - que também atuava como segurança de Daniel - estava com o prefeito, voltando de um jantar em São Paulo. O preso apontou José Edison da Silva como o autor dos disparos contra Daniel. Disse ainda que Dionísio de Aquino Severo presenciou a execução -Silva está preso pelo crime. Severo, apontado como o elo entre a quadrilha e Gomes da Silva, foi morto na penitenciária.

O preso afirmou que decidiu falar após várias tentativas efetuadas por ele para cobrar o empresário pelo suposto pagamento prometido.

Na semana passada, em carta escrita no dia 12 de agosto deste ano, ele cobrou abertamente Gomes da Silva pelo acordo e relatou detalhes sobre a dinâmica do crime ocorrido na noite de 18 de janeiro de 2002, quando Daniel foi seqüestrado. O corpo dele foi encontrado dois dias depois com marcas de tiro e sinais de tortura.

A carta foi entregue por um amigo do preso no escritório do advogado de Gomes da Silva, Roberto Podval. No mesmo dia, Podval determinou que o documento fosse anexado ao processo que corre contra o empresário no Fórum de Itapecerica da Serra (SP), por homicídio doloso. Disse que trata-se de uma mentira para comprometer seu cliente.

Na carta, o preso fixava um prazo para que Gomes da Silva o pagasse. Dizia ainda que, se algo lhe acontecesse, advogados, juízes, promotores e jornalistas receberiam cartas denunciando o acordo.