Título: Relatório contesta defesa de José Dirceu
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 02/09/2005, País, p. A3
O deputado José Dirceu (PT-SP) foi o parlamentar que ganhou mais espaço no relatório preliminar apresentado ontem pelas CPIs dos Correios e do Mensalão. O texto dedicou sete das 61 páginas para justificar a inclusão do petista na lista de cassáveis. Trouxe ainda, em outras três páginas, ressalvas que refutam a defesa de Dirceu apresentada ao Conselho de Ética de que as acusações contra ele datam da época em que ocupava a cadeira de ministro de Casa Civil e que, portanto, não poderia ser julgado por quebra de decoro. ¿Não há como negar que atos e fatos passados, sobretudo se recentes, a depender de sua natureza e circunstâncias, podem projetar-se no tempo e alcançar e perturbar o procedimento do parlamentar¿.
O relatório trouxe a avaliação de que se trata de um processo de julgamento ¿puramente político¿, com característica de ¿juízo de conveniência e oportunidade¿, o que destrói ¿ pelo menos politicamente ¿ a intenção de Dirceu de recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF).
¿Não cabe ao Poder Judiciário decidir sobre se o Legislativo devia ou não ter cassado mandato¿ ¿ afirma o texto.
Antes de iniciar a sessão, o relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), rebateu a defesa de José Dirceu. Não haveria como desqualificar as acusações de Roberto Jefferson (PTB-RJ), que o acusou de chefiar o esquema do mensalão.
Dirceu e aliados passaram o dia articulando uma saída para protelar a votação do relatório. Depois da leitura preliminar, o ex-ministro se reuniu com colegas de partido também citados. Disse que não tem medo da cassação e disparou cobrando provas de que tenha comandado o suposto esquema do mensalão ou participado de qualquer ato de corrupção no governo.
¿ Quando vai começar o fuzilamento? Será um julgamento político, mas são necessárias provas. É preciso ter direito de defesa e que não haja prejulgamento ¿ afirmou o ex-ministro.