Título: Parecer do corregedor da Câmara sai em 48h
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Fonte: Jornal do Brasil, 02/09/2005, País, p. A4

A aprovação dos relatórios conjuntos das CPIs dos Correios e do Mensalão, apontando 18 nomes envolvidos no esquema de corrupção, acelera o processo de cassação dos suspeitos de participação no esquema do mensalão. Ontem, muitos acusados preferiram manter o silêncio após a divulgação do relatório.

A lista de nomes segue agora para a Mesa Diretora da Câmara, que encaminhará a relação para a Corregedoria da Casa. O Corregedor, Ciro Nogueira (PP-PI), prometeu que vai elaborar os pareceres em 48 horas. Mas provocou os integrantes da Comissão, afirmando que os casos em que não houver consistência jurídica dificilmente vão prosperar.

Para o presidente do Conselho, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), os próximos trabalhos serão agilizados.

- Conseguimos analisar o processo de Jefferson com 80 dias, dez a menos do que o prazo limite. Os demais concluiremos em 60 dias - afirmou.

Caso a Corregedoria emperre os trabalhos, entra em cena o requerimento do PPS. Como partido político, a legenda poderá fazer uma representação diretamente ao Conselho de Ética. Neste caso, os parlamentares não podem mais renunciar.

Do ponto de vista jurídico, muitos dos 18 parlamentares citados nos relatórios das duas CPIs, especialmente José Dirceu e Roberto Jefferson, prometem recorrer ao Supremo Tribunal Federal.

- Eles podem reclamar da forma, jamais do conteúdo - apontou a deputada Denise Frossard (PPS-RJ).

Deputados citados no relatório que comentaram o texto fizeram críticas ao conteúdo.

- É um processo viciado, com uma dose razoável de autoritarismo e uma certa dose de discriminação e imparcialidade. Por que o relator Osmar Serraglio não listou todos os que aparecem nas listagens? Também é um absurdo não dar a oportunidade ao deputado de falar na CPI, se defender - disse Paulo Rocha (PA), ex-líder do PT na Câmara, acusado de receber R$ 920 mil do esquema Marcos Valério.

Rocha confessa que foi beneficiado com R$ 620 mil para pagar débitos de campanha. Outro petista, Professor Luizinho (SP), disse que não recebeu ''nem um centavo de caixa dois'' para fazer sua campanha. De acordo com o parlamentar, um funcionário do seu gabinete foi contemplado com R$ 20 mil para fazer campanha para alguns vereadores no interior de São Paulo.

Ex-presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP) disse ser inocente e que não será cassado. Para se defender, ele relacionou o suposto mensalão à mudança partidária e explicou que os R$ 50 mil sacados por sua mulher no Banco Rural foram dados pelo PT.

- Dizem que quem pegou mensalão trocou de partido e eu não troquei. Dizem que quem pegou era pra votar a favor do governo e eu não votava porque presidia a sessão da Câmara. Dizem que era para fazer caixa dois e eu não fiz - disse João Paulo Cunha.