Título: Ex-ministro ataca governo
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 02/09/2005, País, p. A5

Ex-ministro do Planejamento dos governos Médici e Geisel, de 1969 a 1979, João Paulo dos Reis Velloso criticou ontem o Executivo e o Legislativo durante seu pronunciamento na abertura do Fórum Especial Reforma das Instituições do Estado Brasileiro - Executivo, Legislativo e Judiciário, promovido pelo Instituto Nacional de Altos Estudos, do qual é presidente.

- Temos de refletir sobre as lições que parte das lideranças nacionais estão dando ao povo. São lições de falta de ética, de descumprimento das leis, de uso da coisa pública em benefício próprio ou de partidos políticos. Lições de que os fins justificam os meios para alcançar o poder ou a riqueza - criticou.

O evento realizado no auditório da Confederação Nacional da Indústria teve a participação do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, que garantiu que o país tem condições de fazer os ajustes paa manter a trajetória de crescimento econômico:

- A crise será equilibrada e for centrada nos três poderes que dispomos, que saírão mais fortalecidos ao enfrentar desafios como este - defendeu Palocci.

A crise política foi o tema da palestra de Reis Velloso, que a considera ''uma das mais graves que o país já enfrentou'' por afetar vários partidos políticos e diversas instituições do Estado. A saída proposta por ele é fazer uma ampla reforma das instituições do Estado brasileiro.

- É preciso fazer uma revisão do relacionamento entre os poderes; uma reforma política, inclusive do sistema de partidos e eleitoral; uma reforma do judiciário e do Ministério Público; fazer uma restruturação administrativa, com avanço para a administração permanente; um novo regime fiscal; e levar o estado às favelas e periferias urbanas - sugeriu.

A proposta é colocar em prática uma real transparência do Estado e fazer que as leis sejam cumpridas. Segundo Reis Velloso o fundamental é recolocar o país num rumo desenvolvimentista:

- Saímos da fase de vôos de galinha, de crescimento num ano e estagnação no ano seguinte, mas não estamos ainda num novo ciclo de crescimento sustentado A palavra final, portanto, é esperança, apesar de tudo.

Palocci diz que país não pode ficar parado na página A19