O Estado de S. Paulo, n. 46642, 30/06/2021. Economia, p. B7

Governo capta US$ 2,25 bi em emissão externa

Idiana Tomazelli


Com um cenário fiscal mais benigno e ampla liquidez de recursos no mercado internacional, o Tesouro Nacional emitiu ontem US$ 2,25 bilhões em dois tipos de bônus soberanos em dólar.

Mais cedo, o Estadão/broadcast mostrou que o governo brasileiro observou demanda expressiva, equivalente a US$ 7,5 bilhões.

As taxas de retorno asseguradas aos investidores ficaram maiores do que na última vez que o Brasil acessou o mercado internacional. Isso significa que o Tesouro Nacional precisou oferecer uma remuneração maior aos investidores. Ainda assim, as taxas são menores do que em algumas emissões realizadas quando o País tinha grau de investimento, o selo de bom pagador perdido em 2015.

A emissão foi feita com um novo vencimento de dez anos (Global 2031) e a reabertura do papel de 30 anos (Global 2050), inaugurado em 2019 e que já havia tido uma nova emissão em dezembro do ano passado.

O governo foi ao mercado para levantar recursos e cobrir a necessidade de financiamento para vencimentos da dívida em moeda estrangeira programados para 2022. No início do ano, o Tesouro Nacional já havia informado ter os recursos em moeda estrangeira necessários para fazer frente à totalidade dos vencimentos da dívida externa em 2021.

A venda sincronizada de bônus de médio e longo prazos também servirá de referência para as captações externas de empresas brasileiras num cenário de grande liquidez de recursos no mercado internacional.

Segundo o Tesouro, foi emitido US$ 1,5 bilhão do Global 2031, com vencimento em 12 de setembro de 2031. O papel tem cupom de juros de 3,750% ao ano, com pagamento em 12 de março e 12 de setembro de cada ano. A emissão foi realizada ao preço de 98,948% do seu valor de face, resultando em uma taxa de retorno para o investidor de 3,875% ao ano, o que corresponde a um spread de 240,2 pontosbase acima da treasury (título do Tesouro dos Estados Unidos) de referência.

Em dezembro passado, a reabertura do Global 2030, até então o benchmark de dez anos nas emissões externas do Tesouro, havia assegurado um yield (retorno) de 3,450% ao ano para o investidor.

Já o Global 2050, com vencimento em 14 de janeiro de 2050, teve nova emissão de US$ 750 milhões. Com isso, o papel atinge um volume total em mercado de US$ 4,0 bilhões. Esse título possui cupom de juros de 4,750% ao ano, com pagamento nos dias 14 de janeiro e 14 de julho de cada ano. A emissão foi realizada ao preço de 97,333% do seu valor de face, resultando em uma taxa de retorno para o investidor de 4,925% ao ano, o que corresponde a um spread de 282,5 pontos-base acima da treasury de referência.

Em dezembro passado, uma primeira reabertura do Global 2050, mesmo título emitido hoje, havia assegurado um retorno de 4,5% ao ano ao investidor.

A operação foi liderada pelos bancos Bradesco BBI, Goldman Sachs e HSBC e será liquidada em 7 de julho de 2021.

Liquidez de recursos

US$ 1,5 bi

foi emitido em bônus Global 2031

US$ 750 mi

foi a emissão do Global 2050