Título: Secretário acha que está sob a mira de deputado
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Fonte: Jornal do Brasil, 02/09/2005, Brasília, p. D3

A polícia civil investiga denúncia de que o deputado distrital José Edmar (Prona) contratou homens para matar o secretário de Relações Institucionais do Governo do Distrito Federal, o também deputado distrital Wigberto Tartuce, o Vigão. O secretário recebeu duas fitas de fonte anônima e as entregou à polícia. Nas gravações, dois interlocutores, identificados apenas como Carlinhos e Bonfim, conversam sobre a contratação de um pistoleiro para matar Vigão. Na primeira fita, os interlocutores afirmam que um jagunço do Pará teria recebido um adiantamento de R$ 1 mil para o serviço. Já na segunda fita, o valor combinado seria de R$ 150 mil.

- A polícia esta verificando as fitas e já descobriu que são verdadeiras. Acredita-se que os diálogos são entre funcionários de José Edmar - explica Vigão.

O secretário afirma estar sobre proteção especial desde a descoberta das gravações.

- Estou sobre forte segurança e não saio de casa de jeito nenhum, por medo de que algo ruim aconteça - afirma.

De acordo com o diretor do Departamento de Atividades Especiais (Depate), Celso Ferro, duas divisões da Polícia Civil estão investigando o caso, a Divisão de Repressão a Seqüestros e a Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado. Segundo o diretor, os interlocutores gravados na fita já foram identificados pela polícia.

- Nós estamos mantendo seus nomes em sigilo para não atrapalhar as investigações. Vamos fazer diligências e apurar responsabilidades - afirmou.

O deputado José Edmar declarou que as fitas são armações para prejudicá-lo.

- Sei que isso foi tudo orquestrado, tudo um teatro, qualquer perito pode atestar isso. Vamos esperar o fim da investigação da polícia, que vai atestar quem foi o mandante dessas gravações - assegurou.

Rivalidade - As trocas de acusações entre José Edmar e Vigão começaram em 2003. Edmar acusa o secretário de arquitetar sua prisão em junho daquele ano, juntamente com a deputada distrital Eurides Brito (PMDB). Edmar ficou preso por quase um mês, sob a suspeita de que seja o líder de uma quadrilha de grileiros no DF.

- Foi a Operação Grilo, que custou bilhões aos cofres públicos, que determinou a prisão dele (José Edmar). É hilário pensar que eu sozinho conseguiria reunir dezenas de policiais e determinar ao juiz que prendesse um deputado - contesta Vigão.

No ano passado, quando estava na Câmara Legislativa, Vigão e Eurídes Brito trocaram de lugar, e se sentaram junto à oposição porque, segundo ele, ''tinham medo das reações de Edmar''.