O Estado de S. Paulo, n. 46643, 01/07/2021. Metrópole, p. A17

Mandato de 'Jairinho', que matou menino Henry, é cassado no Rio

Fábio Grellet


'O médico Jairo Souza Santos Junior, o doutor Jairinho (sem partido), de 43 anos, teve o mandato de vereador no Rio de Janeiro cassado por quebra de decoro parlamentar nesta quartafeira, 114 dias após a morte de seu enteado Henry Borel, de 4 anos – crime pelo qual Jairinho é réu. O debate começou às 16h30 e se estendeu até as 19h40, quando 49 dos 50 vereadores votaram pela perda do mandato. O vereador Doutor Gilberto (PTC) não votou porque pediu licença do cargo. Assim, entre os vereadores presentes houve unanimidade. Para a cassação bastariam 34 votos.

Jairinho está preso desde 8 de abril na penitenciária Pedrolino Werling de Oliveira, conhecida como Bangu 8, na zona oeste do Rio – e afastado da função desde 9 de maio. Em seu lugar tomará posse Marcelo Diniz Anastácio (Solidariedade), de 34 anos, ex-presidente da Associação de Moradores da Muzema, região onde dois prédios desabaram, em abril de 2019, matando 24 pessoas.

No dia em que foi preso, Jairinho teve o salário de vereador cortado e foi expulso do Conselho de Ética da Câmara e do Solidariedade, partido pelo qual foi eleito para o quinto mandato seguido como vereador. Jairinho é filho do também político Coronel Jairo, que foi deputado estadual e não se reelegeu em 2018.

Desde 10 de junho, Jairinho também está proibido de exercer a medicina no Estado do Rio de Janeiro, por decisão do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio (Cremerj).

'Facada'. A sessão começou com a leitura do relatório pelo vereador Ramos Filho. Em seguida diversos vereadores discursaram, todos com intensas críticas ao colega. Carlos Bolsonaro comparou a morte de Henry Borel à facada sofrida em 2018 por seu pai, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Durante o discurso, ele chegou a ficar com a voz embargada.