Título: Em busca de operações suspeitas
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 03/09/2005, País, p. A7

A Polícia Federal (PF) cumpriu ontem mandados de busca e apreensão em 19 endereços localizados em Belo Horizonte (MG), no interior do estado e no Rio de Janeiro. Os alvos são relacionados a empresas que depositaram dinheiro na conta Dusseldorf, do publicitário Duda Mendonça, nas Bahamas.

Segundo a assessoria de imprensa da PF, foram apreendidos computadores, agendas e documentos contábeis.

O órgão afirma que todo o material será trazido para o Instituto Nacional de Criminalística (INC), em Brasília, na próxima terça-feira, quando será divulgado um balanço definitivo da ação.

A operação foi requerida pela força-tarefa do Banestado, formada por delegados e procuradores federais, que investigam remessas de divisas para o exterior por meio das contas CC5. Também participaram da operação técnicos que atuam na CPI dos Correios no Congresso.

Os endereços vasculhados pelos federais pertencem a três de cinco empresas que foram identificadas como remetentes de dinheiro para o publicitário, segundo a PF: a Deal Financial, a Radial Enterprise e a Trade Link, uma offshore (empresas virtuais com sede em paraísos fiscais) ligada ao Banco Rural.

Embora sem relação direta, pois se tratam de apurações diferentes, essa operação pode ajudar nas investigações sobre o mensalão, já que as três offshores estão entre as empresas virtuais que transferiram recursos para o exterior para Duda, que imputa remessas a Marcos Valério.

A Trade Link Bank é a principal origem dos repasses que abasteceram a conta de Duda, com US$ 827 mil, segundo os extratos apresentados pelo publicitário às CPIs dos Correios e do Mensalão. A Deal Financial enviou US$ 116 mil, e a Radial Enterprise, US$ 98 mil. No total, Duda recebeu na offshore Dusseldorf Company Ltd., nas Bahamas, supostamente aberta para essa finalidade, conforme disse, R$ 10,5 milhões do caixa dois de Valério.

Remessas para Duda também foram enviadas por meio do Rural Europa e do Rural International Bank, do Grupo Rural no exterior.

- Essa investigação (mensalão) não necessariamente tem a ver com o caso de agora. É possível que surjam outros ilícitos decorrentes dessa operação Banestado - disse o delegado Alexandre Leão, da PF em Belo Horizonte.

A força-tarefa do Banestado é integrada pelo Ministério Público Federal, PF e Receita Federal. O objetivo principal é estabelecer relações entre as remessas ilegais para o exterior, utilizando offshores e doleiros. Na operação, os mandados foram expedidos pela 2ª Vara da Justiça federal do Paraná, para onde toda a documentação apreendida será levada.

Marcos Valério foi intimado ontem para prestar um novo depoimento à PF. A audiência, segundo sua assessoria de imprensa, foi marcada para a segunda-feira, às 14h, na sede da PF em Brasília.

Com Agências