O Globo, n. 32751, 08/04/2023. Economia, p. 12

Lula exclui Correios e mais seis estatais do plano de privatização

Alice Cravo


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva retirou os Correios, a EBC e outras cinco empresas estatais do Programa Nacional de Desestatização (PND). Todas haviam sido incluídas pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. A medida foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União de ontem. As sete empresas foram excluídas do PND e também do Programa de Parcerias para Investimentos (PPI). Além da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) e da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), foram retiradas Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev); Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A. (Nuclep); Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro); Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias S.A. (ABGF); e Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada S.A. (Ceitec). Outras três foram excluídas das qualificações para o PPI: armazéns e imóveis de domínio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab); Empresa Brasileira de Administração de Petróleo e Gás Natural S.A. — Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA); e Telecomunicações Brasileiras S.A. (Telebras).
Lula é crítico da política adotada no governo Bolsonaro, que tentou avançar nas vendas e concessões de ativos públicos. Durante a campanha, o petista criticou as privatizações e afirmou que seu governo não venderia as estatais. De acordo com o último Boletim das Empresas Estatais Federais, do terceiro trimestre de 2022, o governo tem 130 companhias ativas sob seu comando. Dessas, 46 são controladas diretamente pela União, sendo 18 dependentes do Tesouro para continuar operando. Em 2022, os Correios tiveram prejuízo de R$ 808 milhões, após registrarem lucro de R$ 2,2 bilhões em 2021 e de R$ 1,5 bilhão em 2020. Segundo a empresa, as perdas no ano passado foram provocadas por provisionamento de R$ 1 bilhão referente a processos judiciais.