Título: Pára-raio traz perigo e não segurança
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 03/09/2005, Brasília, p. D5

O Ministério Público do Distrito Federal acaba de abrir procedimento para investigar os riscos ambientais dos pára-raios com captores radioativos. Se confirmada a suspeita, ao invés de salvar vidas, esses equipamentos podem colocá-las em perigo e, ainda por cima, poluir o meio ambiente. A iniciativa foi provocada por uma denuncia de que na cidade existem muitos equipamentos como este, apesar de uma lei distrital de 1997, determinar a substituição deles no prazo de um ano, portanto até o fim de 1998.

- Durante algum período utilizou-se essa substância radioativa no pára-raio porque acreditava-se que ela tornava o equipamento mais eficiente. No entanto, foram publicadas várias normas determinando a sua retirada, como por exemplo a NBR 5419, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) - explicou o promotor Roberto Carlos Batista, da 1ª Promotoria do Meio Ambiente.

Riscos - Iêda Nicoli, que é técnica do Conselho Nacional de Energia Nuclear (CNEN) confirmou que o captor radioativo oferece riscos, mas ressaltou que apenas em situações muito específicas.

- A quantidade de Amerício 241 (componete radioativo) presente nessas lâminas é muito pequena. Para ter contaminação a ponto de representar risco a saúde das pessoas, é preciso que se manuseiem muitas dessas lâminas sem nenhum tipo de cuidado ou faça a ingestão do produto o que é pouco provável - considera.

No entanto, a técnica destaca que, quimicamente, o amerício tem alta taxa de toxidade.

- O tempo de meia-vida dele é de 433 anos. Por isso recolhemos ao invés de deixar na natureza-explica.

Uma resolução do Cnen de 1989, proibiu a utilização de material radioativo em pára-raios, mas não obriga a retirada ou desativação daqueles já instalados e em bom estado de conservação.

Em 2003, 30 pára-raios com captores radioativos foram recolhidos pelo Cnem. Em 2004, foram 200 e até o primeiro semestre deste ano, outros 50.