Título: Presidente do STJ critica comissões de inquérito
Autor: Sérgio Pardellas
Fonte: Jornal do Brasil, 06/09/2005, País, p. A4

O presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro Edson Vidigal, - que já foi deputado federal - aproveitou a solenidade de abertura do seminário ''Combate à impunidade: Propostas para um novo modelo de persecução criminal'', promovido pelo Centro de Estudos do Conselho da Justiça Federal, para criticar ontem a atuação das CPIs no Congresso.

- É uma onda das CPIs, que carecem de objetividade nas apurações, com questionamentos infrutíferos que muitas vezes não tem efeitos práticos - atacou.

Em seguida ressaltou que é preciso distinguir com precisão os inquéritos de natureza política (as CPIs) das investigações propriamente criminais.

O ministro participava do evento ao lado do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e ambos evitaram comentar as denúncias de que o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), quando primeiro-secretário da Mesa, teria cobrado propina mensal da empresa que explora um dos restaurantes da Casa.

Calheiros disse que não podia falar das investigações, para manter sua ''isenção'' como presidente do Congresso. Vidigal limitou-se a dizer que ''até agora há apenas uma suspeita'', e que ''não podemos dar destaque a esse tipo de denúncia, antes que haja uma apuração consistente''.

O presidente do STJ acrescentou que a impunidade ''é um problema tão grave quanto a pobreza'':

- Continuaremos envoltos em todos esses problemas, enquanto o crime continuar a se organizar e o Estado a funcionar de forma desorganizada.