Correio Braziliense, n. 21526, 22/02/2022. Política, p. 4

Frias pode ser chamado a explicar gastos

Taísa Medeiros
Gabriela Chablgoity


O senador Jean Paul Prates (PT-RN), líder da minoria no Senado, protocolou, ontem, um requerimento para que o secretário Especial da Cultura, Mário Frias, compareça à Comissão de Educação, Cultura e Esporte da Casa para explicar os R$ 39 mil gastos em uma viagem a Nova York, entre os dias 14 e 19 de dezembro de 2021. Segundo o Portal da Transparência, a ida aos Estados Unidos foi justificada como “um projeto cultural envolvendo produção audiovisual, cultura e esporte” com o lutador de jiu-jitsu brasileiro Renzo Gracie.

 

Somente o desembolso de uma cadeira na classe executiva custou R$ 26 mil. Pelos cinco dias em que ficou em Nova York, o secretário recebeu R$ 12,4 mil em diárias. Frias ainda estava acompanhado do secretário-adjunto Hélio Ferraz de Oliveira e, juntos, os dois teriam gasto mais de R$ 78 mil em dinheiro público.

 

Outra viagem polêmica foi a do secretário de Fomento e Incentivo à Cultura, André Porciúncula, que foi a Los Angeles. Segundo dados recolhidos pelo senador, foram desembolsados R$ 20 mil.

 

“Recebemos com surpresa e preocupação as recentes notícias acerca das viagens do secretário de Cultura e de seu subsecretário de Fomento e Incentivo à Cultura, André Porciúncula. Dessa forma, há de se considerar e avaliar o impacto patrimonial à Administração Pública (...).  Solicita-se a convocação do senhor Mário Luís Frias, secretário Especial de Cultura, a comparecer perante a Comissão de Educação, Cultura e Esporte e apresentar as informações que fundamentaram o custo excessivo das respectivas viagens (...) supracitadas”, argumentou o senador no pedido de comparecimento de Frias.

 

Na semana passada, em entrevista, o secretário tentou justificar o desembolso e afirmou que todos os gastos foram aprovados pelo Ministério do Turismo — ao qual a Secretaria de Cultura é subordinada — e que o valor não é excessivo. Quando questionado sobre o dinheiro e se teria a intenção de ressarcir o governo, rebateu.

 

“Devolver o quê? Eu estou trabalhando. Eu fui numa comitiva oficial. O objetivo (da viagem) foi conversar com o mercado da Broadway, porque é um mercado que se autossustenta. Fomos com o mínimo e ficamos no mesmo quarto, num hotel normal, preço normal”, assegurou.

 

* Estagiária sob a supervisão de Fabio Grecch