O Estado de São Paulo, n. 46658, 16/07/2021. Política p.A5

 

Aliados tentam convencer Moro a disputar Planalto


Movimento defende candidatura de ex-juiz e ex-ministro da Justiça como alternativa a Bolsonaro e a Lula

 

Marcelo de Moraes

Defensores do nome de Sérgio Moro para a disputa presidencial deflagraram um movimento político para tentar convencer o ex-ministro da Justiça a disputar a eleição presidencial do próximo ano. A campanha, batizada de "Moro 2022 contra o sistema", defende que o exjuiz ocupe a faixa da "terceira via", como alternativa ao presidente Jair Bolsonaro e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O movimento se intensificou com a presença de Moro no Brasil – hoje ele está morando e trabalhando nos EUA –, onde teve conversas com políticos que defendem sua candidatura.

Para apoiadores, Moro não definiu se está disposto a se lançar como candidato ao Planalto. Mas, segundo o senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), ele não descartou a possibilidade de participar da disputa. O prazo para essa decisão seria em outubro. "Temos um diálogo excelente com Moro", disse Oriovisto. "Ele já nos disse que, se resolver entrar na política, vai se filiar ao Podemos.

Fizemos reuniões e estamos insistindo nisso com ele. Moro ainda não aceitou ser candidato a presidente, mas também não disse não."

A mobilização pró-Moro já discute a organização de eventos para impulsionar seu nome, como jantares de empresários. Outros partidos também estão sendo contatados sobre um eventual projeto em torno da candidatura para garantir musculatura política a uma possível campanha presidencial.

Apesar do entusiasmo, a construção da candidatura de Moro não é tão simples. Depois que o Supremo Tribunal Federal anulou as decisões que condenaram Lula e consideraram o ex-juiz parcial, houve inegável perda de capital político. Além disso, sua turbulenta passagem pelo governo Bolsonaro contribuiu para enfraquecer seu nome como opção na terceira via.