Correio Braziliense, n. 21533, 01/03/2022. Mundo, p. 3

Brasil defende cessar-fogo
Maria Eduarda Angeli*


Em discurso na sessão especial de emergência da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o embaixador do Brasil, Ronaldo Costa Filho, reforçou a posição do país contra a guerra na Ucrânia e reiterou o pedido de cessar-fogo. Nas palavras do diplomata, é preciso fazer todo o possível para dar um basta no conflito antes que seja “tarde demais”. “Estamos testemunhando uma sequência de eventos que, se não contidos logo, podem levar a um confronto muito mais amplo. Todos vão sofrer, não apenas aqueles que estão lutando”, disse. 

Costa Filho frisou ainda que o uso de força contra o território e a soberania de qualquer Estado-membro da Organização é injustificável. Ele também considerou oportuno que países reavaliem decisões sobre fornecimento de armamentos e aplicação de sanções que possam afetar a economia global. No domingo, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o Brasil permanecerá neutro em relação ao conflito.

“Este é um momento decisivo para a nossa organização e para o mundo. Estamos em uma rápida escalada de tensões que podem colocar toda a humanidade em risco, mas ainda temos tempo de pará-la”, afirmou, defendendo uma atuação conjunta da Assembleia Geral e do Conselho de Segurança da ONU (CSNU): “Precisamos de soluções construtivas, não de ações que vão apenas prolongar hostilidades e espalhar o conflito. São necessárias condições para um maior senso de segurança entre os envolvidos, reconstruir pontes e restabelecer confiança”.

Na última sexta-feira, o Conselho de Segurança votou um documento que condenaria a invasão russa à Ucrânia. O Brasil foi um dos 11 países favoráveis ao texto. Moscou usou o poder de veto. “Nós lamentamos que a resolução (do Conselho de Segurança) não tenha sido adotada, mas acreditamos firmemente que o Conselho de Segurança ainda não saturou os instrumentos disponíveis para contribuir para uma solução diplomática”, opinou o embaixador brasileiro.

* Estagiária sob a supervisão de Vicente Nunes