O Estado de S. Paulo, n. 46646, 04/07/2021. Política, p. A7
PF indicia Renan, que fala em retaliação
Pepita Ortega
Weslley Galzo
A Polícia Federal indiciou o senador Renan Calheiros (MDB-AL) por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no âmbito de investigação sobre supostas propinas de R$ 1 milhão que teriam sido solicitadas e recebidas pelo parlamentar em 2012. De acordo a corporação, o pagamento teria sido realizado pela Odebrecht como uma “contrapartida” pelo apoio político à aprovação de uma resolução do Senado.
A resolução restringiu incentivos fiscais de produtos importados concedidos por Estados, beneficiando a Braskem.
Relator da CPI da Covid, Renan acusou o governo do presidente Jair Bolsonaro de usar a Polícia Federal (PF) para retaliar sua atuação na comissão instalada no Senado para investigar irregularidades no enfrentamento à pandemia.
Em entrevista ao Estadão, Renan afirmou que vai acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) contra o indiciamento. Ele alega que a PF não possui competência necessária para indiciar um senador da República, porque a função compete à Corte.
“Todas as vezes que a Polícia Federal indiciou senadores eu desfiz no Supremo o indiciamento, quando fui presidente do Senado. Isso é abuso de autoridade. Vou acionar (o STF ). Com relação ao mérito, o diretor (da empresa) me isentou completamente”, disse. “Não tem prova, é só retaliação.”
O relatório da PF, datado do dia 1º, foi enviado ao ministro Edson Fachin, do Supremo. Os investigadores dizem ter identificado elementos probatórios concretos de autoria e materialidade para se atestar a presença de indícios suficientes de que Renan teria praticado os crimes em conjunto com outras quatro pessoas, também indiciadas.
“No caso em tela constatouse a existência de elementos probatórios demonstrando que o senador Renan Calheiros, codinome ‘Justiça’, recebeu valores indevidos no montante de R$ 1 milhão, com a senha “justo”, no dia 31/05/2012, às 15hs, no endereço da empresa Internet Pool Comércio Eletrônicos S/A.