Título: Brasil é o 5º para investidor estrangeiro
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 06/09/2005, Economia & Negócios, p. A22
Apesar do câmbio valorizado, dos juros altos e do crescimento inferior ao da média dos países emergentes, o Brasil foi apontado como o quinto destino preferencial de Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) em pesquisa realizada pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad). O levantamento coloca o Brasil atrás de China, Estados Unidos, Índia e Rússia.
Os dados indicam que o fluxo mundial de IED deve manter no curto e médio prazos a tendência de recuperação registrada em 2004, depois de quedas em 2002 e 2003. Os países em desenvolvimento, que tradicionalmente recebem de 25% a 30% do volume total de IED, podem aumentar a sua fatia no bolo. O levantamento leva em conta as opiniões de três grupos: empresas transnacionais, especialistas em IED e agências de promoção de investimentos. Os entrevistados esperam alta entre 2005 e 2008, mas ressaltam que vários riscos podem reverter o otimismo. Entre as potenciais ameaças, destacam protecionismo, volatilidade nos preços do petróleo, redução do ritmo de crescimento nos países industrializados, terrorismo e instabilidade financeira.
Antônio Corrêa de Lacerda, professor de economia da PUC-SP, acredita que o Brasil fechará 2005 com US$ 18 bilhões em IED, mesma marca alcançada em 2004, quando o indicador registrou alta de 80% em relação ao ano anterior. O valor, no entanto, está abaixo do potencial do Brasil, opinião compartilhada pelo economista Julio Sergio Gomes de Almeida, diretor-executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). Para Lacerda, o potencial do país é de US$ 25 bilhões ao ano. Ele destaca que a valorização do real em relação às demais moedas aumenta os custos de produção no Brasil e os preços de exportação dos bens fabricados no país, um duplo efeito negativo sobre os investimentos.
Apesar de o Brasil ter aparecido em quinto lugar entre os destinos preferidos de IED, a América Latina está em pior situação na disputa global pelos recursos do que a Ásia e o Leste europeu. Além do Brasil, o único país da região que aparece entre os dez primeiros colocados no ranking é o México, em 6º lugar na lista. Os números do Banco Central indicam que, entre janeiro e julho, o Brasil recebeu US$ 10,6 bilhões de IED, alta de 87,8% em relação ao mesmo período de 2004. A compra da Ambev pela Interbrew foi responsável pela entrada de US$ 6,3 bilhões até abril de 2005. Já os investimentos do Brasil em outros países atingiram US$ 2,1 bilhões.