Título: Protestos contra a corrupção marcam o Sete de Setembro
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 08/09/2005, País, p. A2

Em duro discurso contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o líder do Movimento Sem Terra (MST), João Pedro Stedile, disse ontem, durante as manifestações do Sete de Setembro, que se sente ''constrangido''com a atuação de Lula e avaliou que o povo foi ''ingênuo'' em acreditar em mudanças. A declaração foi mais uma das muitas críticas contra o governo e a corrupção. O ''Grito dos Excluídos'', organizado pela Igreja Católica e movimentos sociais, realizou manifestações em várias capitais. As bandeiras do PT estiveram ausentes nas manifestações deste ano.

O protesto do MST, que ameaçou entrar à força na parada militar, em Brasília, fracassou. Das 1.500 pessoas esperadas, apenas 250 participaram. O coordenador nacional, João Paulo Rodrigues, afirmou, no entanto, que nos próximos meses as invasões serão intensificadas para pressionar o assentamento de mais famílias. Rodrigues protestou ainda contra a prisão do líder do MST, José Maria, na noite de terça, em São Paulo. Mandado expedido pela Justiça autorizou a prisão após invasão da fazenda Santa Cruz, em junho, onde a propriedade teria sido danificada.

Stedile esteve em Aparecida (SP), onde 90 mil pessoas estiveram em peregrinação e participaram das manifestações.

- Nos sentimos constrangidos porque Lula é nosso amigo e tem uma trajetória de compromisso com o povo. Havia uma certa ingenuidade do brasileiro de esperar que com a eleição tudo viria de cima. O lado bom da crise é a conscientização de que não basta votar e esperar pelos outros. As verdadeiras mudanças só acontecerão com mobilização - disse.

Nas capitais de Belém (PA) e Mato Grosso (MS) manifestantes lembraram o ''mensalão''. Em Belo Horizonte (MG), mulheres de militares protestaram. Em Vitória (ES), estudantes com os rostos pintados, apito e nariz de palhaço levaram cartazes: ''Na mudança de atitude não há mal que não se mude'' e ''Punição para os corruptos''. Em São Paulo, o senador Eduardo Suplicy (PT) e líderes das Comunidades Eclesiais de Base, cobraram punição, mas evitaram citar o governo.