O Estado de S. Paulo, n. 46650, 08/07/2021. Metrópole, p. A19

SP tira limites de escola, amplia horário de comércio e anuncia eventos-teste

Júlia Marques


O governo de São Paulo anunciou ontem uma série de avanços no processo de flexibilização da quarentena. Houve ampliação do funcionamento do comércio e de escolas, além de liberação de faculdades, diante da redução das taxas de hospitalização no Estado. O governador João Doria (PSDB) também informou que haverá nova antecipação do calendário vacinal, mas não deu detalhes.

Os estabelecimentos comerciais poderão funcionar até as 23 horas – até agora, o limite era até as 21 horas. Já a capacidade máxima dos estabelecimentos será estendida de 40% para 60%. As normas valem para estabelecimentos comerciais em geral, incluindo shoppings e galerias. Nesses espaços, o acesso de clientes poderá ser feito até as 22 horas, com encerramento das atividades às 23 horas. Os pedidos de refeições em restaurantes também devem se encerrar às 22 horas.

A flexibilização nas regras para o comércio vigora até o dia 31 de julho. Dessa forma, o toque de recolher estadual passa a valer às 23 horas.

Escolas e faculdades. Um decreto publicado ontem retira o limite máximo de alunos nas escolas da educação básica, como já havia adiantado ao Estadão, em junho, o secretário Rossieli Soares. Até agora, valia a regra de até 35% de ocupação.

Os colégios públicos e privados terão de observar, na volta às aulas no segundo semestre, apenas a distância mínima de 1 metro entre as pessoas – anteriormente, valia 1,5 metro. A regra do distanciamento vale para todos os ambientes escolares, “inclusive naqueles de acesso comum, para o desenvolvimento de quaisquer atividades”. Segundo o decreto, o planejamento das atividades deve ser realizado “em conformidade com a capacidade física da unidade escolar, admitindo-se o escalonamento de horários de entrada, saída e intervalo”.

Segundo a Secretaria Estadual da Educação (Seduc), a nova regra vale para todas as redes de ensino a partir desta quartafeira. Na rede estadual, passará a valer a partir de agosto, com o retorno das férias. Por enquanto, as escolas estaduais paulistas seguirão o porcentual máximo de 35%, segundo a Seduc. As particulares estão em férias.

Consultada, a Prefeitura de São Paulo informou que seguirá as regras estaduais, a partir de agosto. Os estudantes da rede municipal terão aulas normalmente em julho, uma vez que o recesso escolar foi antecipado no pico da segunda onda.

Com o limite de porcentual vigente até agora, os estudantes tinham de fazer rodízio para ir ao colégio e, em alguns casos, as crianças só frequentavam as unidades uma vez por semana. O aumento de alunos atendidos nos colégios era uma demanda de escolas particulares e de movimentos de pais, como o Escolas Abertas.

A volta do ensino superior e do ensino técnico presencial também foi liberada. As faculdades deverão seguir os limites máximos relativos ao comércio, ou seja, poderão receber alunos com limitação de 60% da capacidade. Já as aulas práticas no ensino superior poderão funcionar sem restrição de alunos, a partir do dia 2 de agosto.

Casos e testes. De acordo com a Secretaria da Saúde, o total de novos casos, internações e mortes provocadas pelo coronavírus está em queda em São Paulo. Em uma semana, houve redução de 20,6% no número de casos, de 11,4% nas internações e de 10,6% nos óbitos.

O governo informou ainda que vai realizar 30 eventos-teste a partir do dia 17. Os protocolos para a realização de eventos com público incluem vacinação, testagem e uso de máscaras. Segundo a secretária de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, Patrícia Ellen, haverá monitoramento para acompanhar o impacto em relação ao contágio. O primeiro evento-teste será a Expo Retomada, em Santos, evento com foco na demonstração de protocolos sanitários. Em novembro, haverá o GP São Paulo de Fórmula 1 e, em agosto, uma corrida simbólica. Também estão previstos eventos noturnos, com música ao vivo.

“O objetivo é impulsionar a retomada segura do setor de eventos, lazer e turismo no Estado”, disse Doria. Segundo a tabela de eventos-teste apresentada pela secretária Patrícia Ellen, estão previstos shows no Allianz Parque, na zona oeste de São Paulo, em outubro e novembro, e a realização da Campus Party, festival de tecnologia e inovação, no fim de outubro, no centro de eventos do Anhembi.

Vacinação. De acordo com Doria, foram adquiridas diretamente com a Sinovac 4 milhões de doses da Coronavac para a imunização em São Paulo, o que permitirá acelerar o ritmo de vacinação. Dessas, 2,7 milhões chegam nesta quarta-feira e até o dia 26 de julho o Estado deverá receber o restante. “Negociamos diretamente com o laboratório Sinovac e as vacinas já vêm prontas para a aplicação”, disse. “Já obtivemos a autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)”, informou o governador. A compra estadual, segundo Doria, é amparada em decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

O governo não informou as novas datas para a vacinação dos paulistas nem se haverá ampliação de públicos prioritários, com inclusão de bancários e funcionários dos Correios, por exemplo. Hoje, o calendário prevê vacinar com a primeira dose todas as pessoas acima de 18 anos até o dia 15 de setembro. Segundo o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, a vacinação dos adultos pode ocorrer “bem antes”.

Fora do PNI

“A compra foi feita pelo governo de São Paulo e paga pelo governo de São Paulo. Isso não entra no Plano Nacional de Imunização (PNI), mas no Plano Estadual de Imunização (PEI).”

João Doria (PSDB)

Governador