Título: Construção de uma nova cachaça
Autor: Bruno Rosa
Fonte: Jornal do Brasil, 08/09/2005, Economia & Negócios, p. A17

A engenharia e a química não são as únicas paixões da família Odebrecht. Prova disso são os negócios girados pela Cachaça Itagibá, marca recém-criada e gerida por Emílio Odebrecht. O empreendimento consumiu investimentos superiores a R$ 1 milhão. De olho em um mercado que movimenta cerca de US$ 500 milhões por ano no país e produz mais de 1,3 bilhão de litros anuais, o empresário está otimista com a bebida destilada.

Sua meta é fabricar cerca de 50 mil litros da cachaça branca descansada até o fim deste ano, podendo ser ampliada de acordo com a demanda. Local para a produção também não é problema. Emílio produz a bebida na sua fazenda Baviera, na cidade de Itagiba, distante 300km de Salvador.

- O objetivo é transformar um hobby em um fim lucrativo. Por enquanto, a venda será apenas em Salvador. Mas no início do próximo ano, venderemos a bebida também no Rio de Janeiro - explica David Aguierre, diretor do núcleo de negócios da Empreendimentos Administração e Obras (EAO), empresa agropecuária criada por Emílio e seu filho Maurício Odebrecht.

O cronograma de lançamentos também vai de vento em popa. Mal começaram as atividades e Emílio já pensa em lançar diversas versões da cachaça Itagibá. A primeira investida é o lançamento da versão branca no próximo dia 14. A bebida é descansada em barris de amendoim, com teor alcoólico de 40º e produzida para ser consumida pura e especialmente para a preparação de drinks aperitivos. As outras cachaças do portfólio, que estarão à disposição do mercado ainda em 2005, são as envelhecidas e armazenadas.

De acordo com o próprio Emílio, a fabricação da Cachaça Itagibá era apenas um hobby, uma forma de presentear amigos mais próximos - ou seja, boa parte do Produto Interno Bruto (PIB). Daí a marca ter se tornado cobiçada por um público de alta renda. Com o sucesso, o empresário resolveu socializar o acesso à bebida.

E Emílio vai além. Seu objetivo é tirar definitivamente da bebida o rótulo de produto de segunda linha. Para isto, quer alçar a cachaça ao status do vinho, com direito a degustação profissional, taça própria e a criação de charutos de marca. Com este objetivo, conta também com a consultoria de cachassiers - como se chamam os especialistas em aguardante. Hoje, a cachaça é o destilado mais consumido no país e ocupa o segundo lugar entre as bebidas alcoólicas, atrás da cerveja.