Correio Braziliense, n. 21536, 04/03/2022. Mundo, p. 4

Mais sanções a bilionários russos



Estados Unidos e Reino Unido aumentaram o número de oligarcas russos submetidos a sanções, em uma tentativa de aumentar a oposição de poderosos à guerra iniciada pelo presidente Vladimir Putin. "Trata-se de manter a mais forte e mais unida campanha de pressão econômica da história sobre a Rússia", justificou o líder americano, Joe Biden.

Essa nova onda de medidas punitivas se dá em um momento em que vários desses bilionários começam a se distanciar da empreitada militar de Putin. A Lukoil, número dois do setor petrolífero russo, pediu ontem a "detenção rápida" do conflito na Ucrânia, tornando-se a primeira grande empresa nacional a se opor publicamente à invasão. Roman Abramovich — que até agora escapou das sanções ocidentais, mas está sob pressão por causa de sua proximidade com o presidente russo — colocou o clube de futebol inglês Chelsea à venda e prometeu que os lucros com a venda serão destinados às "vítimas da guerra na Ucrânia".

Ao anunciar as novas sanções, Biden acusou os bilionários de "encherem os bolsos com dinheiro russo enquanto ucranianos se escondem no metrô para escapar de lançamentos indiscriminados de mísseis". Secretária de Relações Exteriores britânica, Liz Truss, informou, em comunicado, que o objetivo das punições é "paralisar a economia russa" e sufocar a máquina de guerra de Putin. "Vamos atingir os oligarcas e pessoas intimamente associadas ao regime de Putin e sua guerra bárbara. Não vamos parar por aí", alertou.

Estados Unidos e Reino Unido decidiram congelar os ativos do bilionário russo nascido no Uzbequistão Alisher Usmanov, cujos contratos comerciais que tinha o clube de futebol inglês Everton foram suspensos, e do ex-vice-primeiro-ministro Igor Shuvalov, chefe do banco de desenvolvimento russo VEB. Segundo comunicado da Casa Branca, também foram sancionados Nikolai Tokarev, diretor executivo da Transfnet, peso-pesado do setor do petróleo e gás; Boris e Arkady Rotenberg, dois irmãos de uma família considerada muito próxima a Putin; Serguei Chemezov, chefe do conglomerado da indústria petrolífera Rostec Defense; e Yevgeniy Prigozhin, outro amigo próximo do Kremlin.

Visitas proibidas

Também fica proibida a entrada nos Estados Unidos de 19 oligarcas russos e 47 familiares, informou a Casa Branca, sem divulgar nomes dos atingidos. As medidas mais recentes incluem os familiares diretos dos sancionados, na tentativa de evitar que eles transfiram suas propriedades a parentes. Na semana passada, Washington anunciou sanções contra empresários russos, membros do Kremlin e o próprio presidente russo, Vladimir Putin.

O presidente Biden prometeu, na terça-feira, perseguir os "ganhos mal-intencionados" dos oligarcas russos e se apoderar de seus "iates, apartamentos de luxo e aviões privados". Em sintonia com os aliados europeus, Washington criou, um dia depois, uma célula de investigadores encarregada de perseguir esses bens e, possivelmente, apreendê-los. Para o Executivo americano, esses bilionários são os responsáveis por proporcionar os recursos necessários para apoiar a invasão da Ucrânia por parte de Putin.