Título: Mensalinho confirmado na PF
Autor: Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Jornal do Brasil, 07/09/2005, País, p. A3
A situação do presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti, ficou crítica. Gerente-administrativo da empresa Buani e Paulucci - que controla o restaurante do Anexo IV da Câmara -, o piauiense Izeilton Carvalho de Souza confirmou ontem na Polícia Federal (PF) o ''mensalinho'' pago a Severino. A revista Veja publicou ontem documento ilegal, assinado por Severino para beneficiar o empresário Sebastião Buani, dono do restaurante. - Às vezes em dinheiro, às vezes em cheque. O dinheiro era levado ao gabinete do primeiro-secretário, na Câmara dos Deputados - disse Izeilton na saída da PF.
Ele diz ter resolvido contar o esquema de pagamento de propina após assistir ao embate do deputado Fernando Gabeira (PT-RJ) com Severino, que ameaçou pedir a cabeça de Gabeira.
Casado, morador de Taguatinga, a 25 quilômetros do Congresso, Izeilton trabalhou com Buani por três anos.
- Pude ter acesso a documentos, onde constam o pagamento destas propinas e a ligação dele (Buani) com o presidente da Câmara.
O documento divulgado ontem por Veja é de 4 de abril de 2002 e prorroga a concessão para a empresa Buani e Paulucci até 24 de janeiro de 2005. O documento foi submetido à análise do especialista em documentoscopia Celso del Picchia, em São Paulo, que confirmou a autenticidade e a assinatura de Severino, segundo a revista.
De acordo com Izeilton, os pagamentos eram feitos pela filha do empresário, a diretora da empresa, Gizeli Buani, e o deputado Gonzaga Patriota (PSB-PE) recebeu R$ 20 mil de mensalinho, dinheiro pago de uma só vez.
Em seu depoimento, ele explicou que ajudou a redigir o texto ''História de um Mensalinho''. O motivo que levou o patrão a preparar o dossiê era o de ''obter'' com Severino ''o parcelamento das dívidas e a prorrogação do contrato de arrendamento.''