Título: ''Delúbio indicou Roberto Marques''
Autor: Hugo Marques
Fonte: Jornal do Brasil, 07/09/2005, País, p. A4

Sócio das agências de publicidade SMPB e DNA Propaganda, Marcos Valério de Souza disse à Polícia Federal, que o então tesoureiro do PT Delúbio Soares indicou o nome de Roberto Marques como um dos autorizados a sacar recursos repassados por ele à corretora Bônus-Banval.

Na lista entregue por Marcos Valério à CPI dos Correios e à Procuradoria Geral da República, com as pessoas autorizadas a sacar, existe o nome de ''Roberto Marques'' autorizado a sacar R$ 50 mil.

O ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, é acusado de ter um assessor com esse nome, mas afirma que Roberto Marques, a quem chama de ''Bob'', é apenas ''um amigo''. No entanto, Dirceu e seu ''amigo'' negam qualquer envolvimento com os saques.

Apesar de não haver provas de que Marques é assessor de Dirceu, e não um homônimo, esse fato foi citado no relatório parcial da CPI dos Correios, apresentado na semana passada, como um indício contra Dirceu.

Segundo Marcos Valério, Enivaldo Quadrado, um dos sócios da corretora, autorizou os empregados Luiz Carlos Mazano, Benoni Nascimento de Moura e Áureo Marcato a sacarem cheques emitidos pela SMPB, agência de publicidade de sua propriedade, no Banco Rural da Avenida Paulista.

Mazano teria substituído Roberto Marques como o destinatário de um dos pagamentos determinados por Delúbio.

- O nome de Roberto Marques foi indicado por Delúbio Soares - disse Valério à PF. Em nenhum momento ele citou o nome de José Dirceu.

De acordo com Valério, a gerente financeira da SMPB, Geiza Dias, enviou uma comunicação ao Rural autorizando o pagamento a Marques.

- Posteriormente Delúbio Soares solicitou que substituísse o nome de Roberto Marques por Luiz Carlos Mazano como o responsável pelo recebimento de um dos cheques - disse Valério, sem esclarecer o motivo.

O publicitário repassou à Bônus-Banval R$ 9.783.009,33. Desse total, foram devolvidos, segundo ele, R$ 5.861.212,63.

- Tal devolução ocorreu tendo em vista que Delúbio Soares suspendeu alguns repasses - diz o documento da PF.

Marcos Valério afirmou ter repassado, por meio da corretora, R$ 1,2 milhão para o PP, R$ 900 mil ao PL, R$ 750 mil ao PT do Rio de Janeiro, R$ 120 mil ao PT do Distrito Federal e R$ 945 mil ao PT nacional. Em seu depoimento, o publicitário disse que utilizou a Bônus-Banval como intermediária a pedido do líder do PP, deputado José Janene (PR).

O deputado José Dirceu afirmou ontem, através de sua assessoria, que as declarações de Valério são mentirosas. Segundo ele, há ''um movimento'' para cassá-lo e ''já estabeleceram a pena, que é a cassação do mandato, estão procurando a culpa''. Foi a própria assessoria que divulgou os fax do Banco Rural que autorizam o saque, primeiro por Roberto Marques e depois por Luiz Carlos Mazano.

Segundo o assessor, comparando os documentos, pode-se constatar que o primeiro é diferente, não tendo o número da identidade do sacador. Dirceu baseou-se na declaração do também petista Carlos Abicalil, que afirmou que os documentos estão ''sob suspeição''. No entanto, se verdadeiros, os documentos reforçam o pedido de mudança citado por Valério, já que o primeiro é de 13 de junho de 2004 e o segundo foi emitido três dias depois.

Com Folhapress