Segundo o documento, a transferência vale a partir de 28 de fevereiro. A antecipação da aposentadoria do general, que só ocorreria em 31 de março, tem fins eleitorais. Isso porque, agora, Pazuello pode se filiar a partidos políticos, o que é proibido para militares da ativa, e se candidatar às eleições de outubro.

Ele pretende disputar uma vaga para deputado pelo Rio de Janeiro e pode se filiar ao PL, mesmo partido que abriga Bolsonaro.
"O Centro de Comunicação Social do Exército informa que a Diretoria de Civis, Inativos, Pensionistas e Assistência Social (DCIPAS) recebeu, no dia 21 de fevereiro, requerimento do General de Divisão Eduardo Pazuello solicitando a sua passagem para a reserva remunerada", diz nota da Força. "O requerimento será processado, e o ato formal de passagem para a reserva, publicado oportunamente no Diário Oficial da União", acrescentou.

Pazuello assumiu o Ministério da Saúde em maio de 2020. Foi exonerado do cargo em março do ano seguinte, em meio a críticas por conta da falta de liderança e de experiência, além de não ter apresentado planos eficazes na condução da pandemia. Deu lugar a Marcelo Queiroga.

O desempenho pífio à frente da pasta o fez ser chamado a depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, onde teve de prestar esclarecimentos sobre a crise de oxigênio em Manaus e a respeito do fomento ao uso de cloroquina como tratamento da doença, o que não tem comprovação científica. O colegiado acabou pedindo o indiciamento dele no relatório final dos trabalhos. O militar também é investigado pela Polícia Federal por conta do caso de Manaus, que provocou a morte de dezenas de pessoas.

Em junho de 2021, Pazuello ocupou o cargo de secretário de Estudos Estratégicos da Presidência da República, que acabou extinto após mudança na estrutura da secretaria. Em outubro, o ex-ministro da Saúde trocou de função: foi nomeado assessor especial da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos (SAE).

Pazuello participou com Bolsonaro, ontem, da cerimônia do início do novo contrato de concessão da Rodovia Presidente Dutra e Rio-Santos, em São José dos Campos (SP). Também estiveram presentes no evento o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, além dos ministros da Infraestrutura, Tarcísio Freitas; e do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno.

Prazo

Para se candidatar, um militar deve comunicar a intenção ao Comando do Exército e se licenciar no prazo de seis meses antes das eleições. General de divisão, Pazuello atingiu, em 2018, o posto máximo de sua carreira no Exército: o Serviço de Intendência.