Título: Lula se anima para falar na TV
Autor: Karla Correia
Fonte: Jornal do Brasil, 07/09/2005, País, p. A7

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva faz, hoje, seu terceiro pronunciamento oficial desde que foi deflagrada a maior crise política do governo, em 14 de maio. Veiculado em cadeia de rádio e TV, às 20h, o mote do discurso será a comemoração do Dia da Independência. Mas ele aproveitará também para falar sobre o clima político e o bom momento da economia brasileira. Desde o último pronunciamento do presidente, em 18 de agosto, que o Palácio do Planalto busca uma oportunidade para Lula falar à nação, criando um contraponto ao noticiário negativo sobre a crise política. O discurso de hoje não deve fugir ao padrão adotado pelo presidente, que costuma destacar os fatos positivos do governo.

O primeiro pronunciamento de Lula em rede nacional sobre a crise política foi feito no dia 23 de junho, pouco mais de duas semanas depois das denúncias do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) sobre o suposto esquema do mensalão. Na ocasião, o presidente disse que ''o corrupto deve ser punido seja adversário ou aliado''. Um mês e meio depois, em 12 de agosto, Lula em uma reunião ministerial, fez outro pronunciamento em que pediu desculpas à população e disse que se sentia traído.

Este será o oitavo pronunciamento do presidente em cadeia nacional desde o início do mandato. Lula enfatizará as ações do próprio governo no combate à corrupção e à criminalidade, usando como base os relatórios sobre a ação da Polícia Federal, que recebeu das mãos do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, sexta-feira, e o balanço das investigações da Controladoria-Geral da União (CGU), divulgado segunda-feira.

Segundo seus auxiliares, o presidente se sente mais seguro agora para se dirigir à nação do que nas outras duas vezes. Os números positivos da economia, que não foi afetada em quase quatro meses de crise, serão citados por Lula. Em maio, havia indicadores de retração de investimentos, o que preocupava o presidente.

Lula também vai lembrar que as investigações da Polícia Federal, da CGU e das CPIs no Congresso não apontaram um envolvimento direto dele nas irregularidades e desvios, conforme relatórios que vem recebendo de seus ministros. Sobre o relatório da CGU, o presidente deve destacar que 47 servidores de diversos escalões foram exonerados ou afastados desde o início das investigações nos Correios, Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), entre outras empresas públicas.