Título: Cai emprego na indústria
Autor: Dimalice Nunes
Fonte: Jornal do Brasil, 07/09/2005, Economia & Negócios, p. A18

A evolução do emprego na indústria apresentou o pior resultado em 18 meses, com recuo de 0,16% no número de vagas em julho em relação a junho, aponta a Confederação Nacional da Indústria (CNI). De acordo com a entidade, o setor verificou, no período, uma acomodação, que se refletiu em quase todos os indicadores. Vendas reais, horas trabalhadas na produção e utilização da capacidade instalada apresentaram queda ou crescimento muito pequeno em julho na comparação com o mês anterior e com o mesmo período do ano passado. Apenas a massa salarial (relação entre nível de emprego e renda) avançou no período, devido à inflação. Em julho, frente a junho, as vendas reais caíram 0,33%, e as horas trabalhadas na produção cresceram 0,04%. Já os salários líquidos pagos pelo setor cresceram 1,29%. A utilização da capacidade instalada ficou em 81,9%, 0,5 ponto abaixo de junho do ano passado.

O coordenador da da pesquisa da CNI, Flávio Castelo Branco, avalia como natural uma fase de acomodação após o bom desempenho do setor no segundo trimestre. O arrefecimento não é interpretado pela entidade como tendência. O setor aguarda expansão nos próximos meses, diante da expectativa de queda da taxa de juros pelo Banco Central. Para Castelo Branco, porém, não há expectativa de grandes contratações nos próximos meses.

- O emprego apresentou crescimento por muitos meses e é natural que chegasse à estabilidade - comentou.

Em relação à expansão da massa de salários, Castelo Branco explica que a redução da inflação aumenta o valor das remunerações, ampliando o poder de compra. Pesa ainda o fato de categorias terem obtido dissídios acima da inflação.

Castelo Branco comentou que, mesmo com índice de ocupação da capacidade instalada ainda elevado, há espaço para aumento da demanda.

O dólar desvalorizado frente ao real foi o que mais pesou na redução das vendas reais em julho que caíram 4,75% em relação a junho. Cerca de 30% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas geradas) da indústria são provenientes de receitas com exportações. Segundo a CNI, o faturamento das empresas vem caindo com o efeito do câmbio.

- É por isso que as horas trabalhadas na produção crescem e as vendas, não - explica.