Título: Cresce exportação na América Latina
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Fonte: Jornal do Brasil, 07/09/2005, Economia & Negócios, p. A20

As exportações de bens na América Latina cresceram 17% no primeiro semestre deste ano, segundo o documento Panorama da Inserção Internacional da América Latina e do Caribe 2004: Tendências 2005, divulgado ontem pela Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal), vinculada à ONU.

''A continuarem as altas de preços dos produtos primários, voltarão a aumentar os fluxos comerciais da região, tal como em 2004'', diz o documento. ''O comércio mundial de mercadorias teve no ano passado seu máximo crescimento em 25 anos e promete manter-se alto este ano''.

A Cepal estima que 2005 será um ''bom ano para o comércio'' dos países latino-americanos, apesar da expectativa de que a economia e o comércio mundiais terão menos dinamismo, menos aumentos de preços de produtos básicos, preços mais altos do petróleo e maiores taxa de juros.

Segundo a Cepal, entre 2004 e 2005, a economia mundial foi caracterizada pelo crescimento dos fluxos comerciais e financeiros para a China e pelo crescimento da economia dos EUA. A América Latina se favoreceu com esses fatores, segundo a comissão, porque os preços de seus produtos subiram.

De acordo com a comissão, a integração regional enfrenta um momento de definições, uma vez que, ''em um cenário de negociações múltiplas, os mecanismos de integração mantêm algumas de suas tradicionais falhas''. A comissão lembra como fatores de dificuldade para a integração a fragilidade dos mecanismos de solução de disputas, as regras regionais não postas em prática e a falta de coordenação macroeconômica.

O comércio dentro da própria América Latina e do Caribe, no entanto, cresceu pelo segundo ano consecutivo. Nos países da Comunidade Andina, o crescimento foi de 58,5% e no Mercosul, de 36,2%.

Segundo o documento, o preço do petróleo é uma ''variável crucial'' para a região. Por serem importadores, alguns países da região sofrem com a alta da commodity. A Cepal inclui o Brasil entre os países vulneráveis ao efeito.

A região corre ainda riscos devido ao déficit em conta corrente dos EUA, à dificuldade da União Européia e do Japão de acelerarem seus ritmos de crescimento, e às medidas protecionistas que os países desenvolvidos voltam a erguer contra importações, impedindo maior acesso dos países latino-americanos a esses mercados.

O estudo lembra, por fim, que a China é hoje o mercado de maior potencial para um crescimento maior das exportações da América do Sul. Em quatro anos, as importações de produtos da região pela China aumentaram 42%, taxa superior à outras regiões que exportam para o país asiático.

A China ainda oferece investimentos em infra-estrutura, energia e mineração, que poderiam complementar o financiamento para a realização de obras nessas áreas, diz a Cepal. A comissão lembra, porém, da concorrência que a China impõe à economia sul-americana, como no setor têxtil.