Título: PT nega desfiliações
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Fonte: Jornal do Brasil, 07/09/2005, Brasília, p. D3

Faltam apenas 11 dias para o Processo de Eleições Diretas (PED) do PT, por meio do qual os 80 mil filiados do partido em todo o País escolherão os novos dirigentes em âmbito nacional e regional. No DF, cerca de 8 mil filiados deverão comparecer às urnas para escolher o novo presidente local. Apesar da grave crise que atinge o partido do presidente da República, a expectativa é de que os militantes permaneçam na legenda e participem do processo para ajudar no que foi batizado de ''reconstrução'' do partido. Até agora, segundo dados fornecidos pelo próprio PT-DF, de janeiro até setembro deste ano 190 pessoas deixaram de ser petistas. O número é considerado ''esperado'' pelos dirigentes, já que em todo o ano passado foram 270 desfiliações. - Não está havendo uma onda de desfiliações, como dizem alguns. Inclusive, em agosto, 15 pessoas procuraram o partido espontaneamente para ingressar. E nem estamos fazendo campanha para filiações. Essas pessoas estão vendo que a legenda está sendo atacado injustamente e querem ajudar a reerguê-la - defendeu o deputado distrital Chico Vigilante, representante da corrente Articulação Unidade na Luta e candidato à presidência do partido no DF.

Na busca pela permanência do chamado Campo Majoritário, que reúne as principais correntes petistas, na direção do PT-DF, Vigilante terá como concorrente Chico Machado, que recebe o apoio de todas as sete das alas de esquerda da sigla. Para Machado, a existência de sete chapas concorrendo ao PED é um sinal de que este ano os majoritários reunirão apenas 40% dos votos.

- O apoio que teremos dependerá da nossa interlocução com a base. Temos feitos inúmeros debates - diz Machado, rebatendo uma das principais críticas dos adversários: a de que o PT-DF não poderá ter no comando uma direção contrária ao governo Lula. Machado ressalta que este é um projeto conjunto, mas que as esquerdas continuarão criticando a política econômica adotada pelo Planalto.

Diante de um PT fragilizado, os trabalhos nas zonais também têm sido intensos. De acordo com Walter Célio, presidente da zonal do Plano Piloto, os militantes têm realizado reuniões do núcleo de base e cidadania e promovido virgílias na porta da residência oficial da Granja do Torto, há dois meses, em defesa do presidente e do PT. Algumas carreatas, com bandeiras do partido, também foram agendadas.

- Todo mundo sentiu o golpe das denúncias, mas ficar sem atividades poderá paralisar o partido. O que também é importante para mostrar como se deu a crise, pois muitas vezes o militante está se pautando apenas pela mídia - afirma Walter Célio, candidato à reeleição. No Plano Piloto, uma das maiores zonais, cerca de 2 mil filiados estão aptos para participar do processo.