O Estado de S. Paulo, n. 46653, 11/07/2021. Economia & Negócios, p. B2
Emissões ESG de empresas do Brasil superam US$ 6 bi
Bruno Batista
Cynthia Decloedt
Wilian Miron
Matheus Piovesana
As companhias brasileiras estão gradativamente aumentando suas dívidas em títulos (bonds) com metas de desempenho relacionadas a compromissos ambientais, sociais e de governança (ESG, em inglês). Desde setembro do ano passado, quando a Suzano levantou US$ 750 milhões em Sustainability Linked Bonds (SLB) com a promessa de reduzir emissões de gases de efeito estufa, outras sete empresas brasileiras foram ao exterior com operações semelhantes. O total emitido pelas brasileiras nessa modalidade no exterior soma US$ 6,325 bilhões. Praticamente todas estão seguindo a cartilha da Organização das Nações Unidas (ONU) de compromissos de sustentabilidade, alinhada à meta de redução da emissão de gás efeito estufa de acordo com o Acordo de Paris
» Quem fez.
Em janeiro, optaram pelos SLBs, a Movida, a Simpar, a Klabin e a FSBioenergia. Juntas, elas captaram US$ 1,675 bilhão com compromissos de redução de emissões. De abril até junho, US$ 3,4 bilhões foram emitidos em papéis desse tipo no exterior por Natura, Iochpe-Maxxion, JBS e Suzano.
» Social.
A Suzano deu um novo passo em sua captação mais recente de US$ 1 bilhão em SLBs, no fim de junho. Além de uma nova meta para reduzir o impacto ambiental de sua atividade, incluiu compromissos de inclusão, com a promessa de elevar de 16% para 30% a presença de mulheres em cargos de liderança até 2025.
» Lá fora...
No exterior, a italiana Enel levantou US$ 4 bilhões em títulos SLB. A emissão representa a maior transação vinculada à sustentabilidade já precificada no mercado de renda fixa, assim como a maior operação financeira de renda fixa sustentável do ano até hoje por um emissor corporativo. O interesse dos investidores fica claro na demanda que a companhia obteve na operação, de US$ 12 bilhões. Em junho, a Enel já havia emitido 3,25 bilhões de euros em SLB.
» Em alta.
O governo do Rio Grande do Sul calcula que a venda de sua transmissora de energia, a CEEE-T, pode render até R$ 3 bilhões aos cofres públicos, um ágio de 77% em relação à oferta inicial de R$ 1,69 bilhão. As propostas serão entregues na segunda-feira, 12, e a abertura de envelopes no dia 16.
» De olho.
Ao menos seis potenciais compradores já acessaram a sala de informações sobre a empresa. O Canada Pension Plan Investment Board é considerado o favorito. O fundo tem participação minoritária na Equatorial Energia, que recentemente comprou a área de distribuição privatizada pelo governo gaúcho. Taesa e a Cteep também são tidas como interessadas.
» Energia.
A gestora norte-americana de investimentos em energia renovável Energea Global recebeu um financiamento de R$ 135 milhões do BTG Pactual para construção de projetos de geração distribuída no Brasil. O foco é a construção de usinas solares em Minas Gerais para distribuição a residências e pequenas e mé empresas.
» Dá match.
A Stark, butique digital com foco em empresas de médio porte que faz o "match" entre investidores em busca de novos negócios e proprietários que querem vender os seus, está em estágio avançado de conversas para adquirir uma fintech, negócio que deve ser fechado em até dois meses. A ideia é oferecer aos clientes soluções financeiras e de crédito corporativo, como operações de "sale e leaseback", em que a empresa vende o imóvel que ocupa e o aluga em seguida, para fazer caixa, ou emissões de renda fixa.
» Recorrência.
A Stark percebeu que antes de decidir vender a empresa, o proprietário recorre a crédito cinco ou seis vezes, e enxergou uma possibilidade de faturar mais. A meta é chegar a R$ 10 milhões em receita neste ano. Se a nova área der certo, a cifra pode triplicar em 2022.
» Onda XP.
Em movimento paralelo, a Stark vai buscar parcerias com escritórios regionais de aquisições ou assessoria financeira para empresas para aumentar sua capilaridade. O modelo será de sociedade, e já há conversas com três escritórios.
» Reforço.
O Citi Brasil está reforçando sua área de fusões e aquisições (M&A). Trouxe Daniel Coradi para engrossar o time e aproveitar a efervescência atual desse mercado. Coradi vai responder diretamente a Antonio Coutinho, co-head de M&A na América Latina da área de Investment Banking do Citi Brasil, liderada por Eduardo Miras. Entre janeiro e maio deste ano, o Citi Brasil já assessorou seis grandes operações do tipo, que movimentaram um total US$ 13 (...).